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Palestra no CTE debate desafios na formação de jovens nadadores

06/02/2017 | 14:49

Pesquisadores, atletas, treinadores e demais profissionais da natação brasileira estiveram no Auditório Principal do Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG no último sábado, 4 de fevereiro, para o lançamento do livro "Nadar é fácil", de Carlos Camargo e Rômulo Noronha, que apresentou também a palestra "Preservando os futuros Campeões".

Baseado em um artigo seu, intitulado com o mesmo nome, o tema da palestra de Rômulo foi todo voltado à importância de se preservar e respeitar todas as fases de desenvolvimento do atleta, desde a sua infância. Atual coordenador de natação da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), o profissional alertou para uma cobrança, muitas vezes antecipada, pelo desempenho de crianças atletas, em vez de compreender o seu tempo de amadurecimento no esporte.

"Um dos motivos do abandono da natação por jovens é uma expectativa que é dada para eles muito cedo, antes de serem campeões. A colocação que faço é que o grande responsável por isso é o profissional, que deveria ter mais resiliência para resistir a pais e clubes, na maioria das vezes. O mal maior é quando procuram fazer um trabalho muito forte com crianças e jovens objetivando resultados muito cedo", comentou Rômulo.

Rômulo Noronha escreveu o livro "Nadar é preciso", em 1985

Para o ex-técnico da equipe de natação do Flamengo, onde ficou de 1968 a 2009, a especialização precoce de atletas em quaisquer modalidades esportivas é como "destruir talentos". Segundo Rômulo, definir uma especialidade ainda na infância pode suprimir possibilidades na carreira esportiva do atleta.

Quem apoiou esse posicionamento do ex-treinador foi o diretor do CTE, Luciano Sales Prado. Segundo o também professor da EEFFTO, existem duas possíveis falhas de treinadores, coordenadores e profissionais em geral na hora de lidar com o atleta em formação.

"São dois grandes erros. O primeiro é a especialização precoce, onde se especializa numa determinada função cedo demais. Por exemplo, um nadador que logo vira nadador de costas ou um jogador de futebol que cedo demais vira lateral-esquerdo. O que precisamos é que crianças comecem cedo e não se especializem cedo. Outro problema é a cobrança por resultados competitivos. Nada impede que ela compita, desde que simplesmente participe por gostar de participar, viajar, goste dos desafios", observou.

 

Luciano Prado afirmou que cobrar resultados muito cedo é  "desrespeitar o ser humano" que existe por trás de um atleta

 

Luciano ainda destacou como é conduzido o processo de formação dos atletas no CTE. "Se temos evidências de que devemos respeitar o desenvolvimento das pessoas, é isso que tentamos fazer aqui, através de uma padronização de condutas. Claro, cada treinador tem sua característica, mas tentamos disseminar uma filosofia de trabalho. A gente não tem uma receita de bolo para todas as modalidades, mas uma filosofia de trabalho", apontou.

A ideia de trazer o lançamento do livro e a palestra para Belo Horizonte foi mediada pela Double Coach, uma empresa de consultoria em natação gerida por Amauri Machado e Marcelo Vaccari. Amauri é responsável pelo programa de jovens nadadores da CBDA, onde trabalha com o incentivo ao desenvolvimento dos atletas jovens, de forma que eles possam chegar à natação adulta.

Marcelo Vaccari e Amauri Machado 

 

"Existem nadadores por todo o país e com programas diferentes de treinamento. Uma das preocupações que temos [na CBDA] é uma metodologia padrão para isso. Outra preocupação é não perdermos nossos principais nadadores, pois muitas escolas limitam muito o tempo para os atletas treinarem. Terceiro é a organização das competições, calendários, programas de provas. Há muito para trabalharmos ainda", comentou Amauri.

É fácil!

O livro "Nadar é fácil" é de autoria de Carlos Camargo, professor da Universidade do Sul (Unisul) e treinador de Fernando Scherer, o Xuxa, quando o nadador foi campeão olímpico, e Rômulo Noronha.

"Não tem como evitar certas descrições mais técnicas quando se vai tratar do nado, mas é possível ter uma linguagem que possibilite uma compreensão das pessoas, que mostre a natação como uma atividade saudável para elas. Queremos despertar nas pessoas a ideia de que nadar não é um bicho de sete cabeças, não é tão difícil", avaliou Rômulo Noronha.

Foto: Reprodução