Seminário sobre esportes de combate reúne atletas, técnicos e pesquisadores na EEFFTO | EEFFTO - UFMG  


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Seminário sobre esportes de combate reúne atletas, técnicos e pesquisadores na EEFFTO

06/06/2017 | 15:51

Por Jéssica Romero

O universo dos esportes de lutas foi tema do Seminário “Ciência e Tecnologia de Esportes de Combate”, realizado entre os dias 3 e 4 de junho, na Escola de Educação Física. Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da UFMG.

Trazendo grandes referências na área, o Seminário contou com oito palestras diferentes e atraiu convidados de todo o país. Os debates levantaram questões e diversas abordagens sobre treinamento, avaliação física, recuperação de atletas e gestão de grandes eventos. Além disso, alguns dos convidados apresentaram suas pesquisas na área.

Organizado pelo professor do departamento de esportes Maicon Albuquerque, o evento cumpriu sua proposta inicial de suprir a carência de encontros que debatam de forma ampla os esportes de combate, sem priorizar modalidades específicas.

Maicon Albuquerque realiza esse seminário pela segunda vez na EEFFTO - Foto: Iago Proença

“Estou muito feliz com o saldo final que tivemos e o feedback foi muito positivo. As palestras foram de altíssimo nível e o que me chamou a atenção foi o comprometimento dos participantes, trazendo suas dúvidas e trocando experiência”, disse Maicon.

Logo na primeira atividade do seminário, no sábado, 3 de junho, a EEFFTO recebeu o professor da Universidade de São Paulo (USP) Emerson Franchini, nome de relevância mundial nas pesquisas sobre esportes de combate. Ele falou sobre o processo brusco de perda e ganho de peso que os atletas das modalidades de luta vivenciam durante competições.

O assunto é considerado uma polêmica entre pesquisadores, técnicos e atletas. Apesar de ser uma prática comum e difundida na rotina de preparo de lutadores e lutadoras, Emerson Franchini busca provar através de seus estudos  que o procedimento não é saudável e que é preciso buscar alternativas para fazê-lo.

Emerson Franchini possui publicações que servem como base para estudos sobre lutas  Foto:Jéssica Romero

“Muitos atletas buscam perder até 10% de massa corporal na semana da competição, sendo que o ideal é 1%. Esse tipo de prática pode causar problemas de saúde e debilidade física ao longo do tempo na vida da pessoa. Existem estratégias para otimizar essa perda de peso, com minimização de danos”, explicou.

O professor mostrou resultados de suas pesquisas, que qualificam as vantagens e desvantagens de métodos de modificação corporal. De acordo com ele, os pontos centrais a serem considerados no processo de perda de peso de atletas são: riscos e benefícios, características da modalidade, oportunidades para recuperação após pesagem e as respostas individuais e tolerância à perda rápida de peso.

Um dos participantes do evento, o atleta de Taekwondo e estudante de educação física na EEFFTO, Rafael Henrique Nogueira, achou que  a oportunidade de discutir o tema foi muito proveitosa.

“Eu reafirmei várias coisas que já vivo por causa das competições no Taekwondo. O processo de perda de peso é desgastante, mas estamos sempre em busca de aliar um bom desempenho com as necessidades das categorias e modalidades na competição, então é importante discutir isso”, relatou.

Rafael luta taekwondo há cinco anos - Foto: Jéssica Romero

A segunda parte da manhã de sábado contou ainda com a perspectiva do especialista em marketing esportivo Matheus Gomes, que atuou na organização dos Jogos Olímpicos 2016, no Rio de Janeiro. Na ocasião, o profissional foi Service Manager da modalidade Taekwondo, e explicou parte das estratégias de marketing presentes nas ações antes, durante e depois do megaevento.

“Nós conseguimos vender de 90 a 99% dos ingressos de Taekwondo nos Jogos. Tivemos um ótimo resultado, considerando que o esporte não possui tradição no Brasil. Isso foi sensacional e fruto de diferentes táticas de divulgação e vendas”, disse Matheus.

Mhateus Gomes falou também sobre o peso da mídia no marketing esportivo- Foto: Jéssica Romero

Já na parte da tarde, o seminário trouxe reflexões mais técnicas sobre tipos de treinos e avaliação física. Para comandar o tema “Treinamento da Capacidade Aeróbia e Anaeeróbica nos Esportes de Combate”, a programação trouxe dois doutores em educação física e especialistas em judô, os professores Ciro Brito e Úrsula Ferreira Júlio.

Ambos já foram atletas da modalidade e hoje se dedicam ao campo de pesquisa que analisa a aptidão de exercícios aeróbicos e anaeróbicos nos protocolos de treino para o judô. Ciro Brito atualmente leciona na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Ele falou sobre os exercícios aeróbicos no treino de judô.

Ciro Brito e os convidados ganharam o tradicional doce de leite de Viçosa, MG- Foto: Jéssica Romero

Úrsula Júlio é aluna do pós-doutorado na USP e desenvolve pesquisas na área de lutas desde quando estava na graduação. Durante o evento ela falou sobre resultados de testes feitos sobre o treinamento anaeróbico com atletas de judô.

“Em minha pesquisa considero alguns pontos importantes para analisar o treinamento anaeróbico para protocolos de treino em judô. Alguns desses pontos são relação esforço e pausa, duração da luta, exercício intermitente dentre outros. O conteúdo trazido por mim e pelo Ciro se complementam”, afirmou.

Úrsula Júlio está envolvida com o judô há vinte anos- Foto: Jéssica Romero

Para fechar o as atividades do primeiro dia, a professora Daniele Detânico, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), apresentou diferentes formas de avaliação física para esportes de combate. Daniele possui graduação, mestrado e doutorado em Educação Física pela UFSC, na linha de pesquisa de Biodinâmica do Desempenho Humano.

Daniele Detânico mostrou diferentes tipos de avaliação física para atletas - Foto: Jéssica Romero

Visando a diversidade de temas abordados e os convidados de referência na área, muitos participantes vieram de longe para acompanhar o evento. Esse foi o caso da mestranda em educação física da UFJF, Aline Ribeiro. Ela veio de Juiz de Fora e viajou cerca de quatro horas para prestigiar o seminário.

“Achei as discussões muito interessantes e de suma importância para minha perspectiva tanto como atleta quanto como profissional”, afirmou.

Aline é lutadora de judô - Foto: Jéssica Romero