I Encontro da Pesquisa e Extensão na EEFFTO promove seminários temáticos e integra os três cursos da Escola | EEFFTO - UFMG  


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I Encontro da Pesquisa e Extensão na EEFFTO promove seminários temáticos e integra os três cursos da Escola

11/10/2017 | 19:25

Por Iago Proença 

Um dia que propõe reflexões sobre a produção científica da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da UFMG, com troca de conhecimento e apresentação de trabalhos. Assim foi o I Encontro da Pesquisa e Extensão na EEFFTO, realizado pelo Núcleo de Assessoramento à Pesquisa (Napq) e o Centro de Extensão (CENEX) . O evento aconteceu na última segunda-feira, 9 de outubro, e reuniu docentes e discentes da Escola e de outras instituições de ensino superior.

A iniciativa foi uma novidade, pois trouxe para a EEFFTO um evento específico para apresentar os trabalhos locais, parte da XXVI Semana do Conhecimento. Além disso, o dia de atividades contou ainda com quatro seminários ministrados por professores da Escola. À frente da organização, estiveram os professores Franco Noce, coordenador do Cenex, e Christina Danielli Coelho de Morais Faria, coordenadora do Napq.

“Nós trabalhamos nesse evento desde o inicio do semestre passado, envolvemos até uma equipe de cinco alunos na organização. O Encontro foi uma tentativa de vivenciar o que é a Universidade, unindo pesquisa e extensão. Infelizmente tivemos baixa participação dos alunos nos seminários, programação pensada para que eles pudessem trocar conhecimento e participar. Não temos na Escola um evento regular que reúna os três cursos, então a ideia é tornar isso uma cultura na Unidade”, explicou Cristina.

Christina Faria e Franco Noce atuaram em parceria para realização do evento - Foto: Assessoria EEFFTO/Jéssica Romero

A estudante do oitavo período de Terapia Ocupacional Joyce Martins, apresentou em forma de pôster parte da pesquisa de Iniciação Científica “Perfil de cuidadores formais em Instituições de Longa Permanência para Idosos”. A pesquisa envolve ainda quatro pesquisadoras, entre discentes e docentes, e é orientada por Luciana de Oliveira Assis, do Departamento de Terapia Ocupacional.

O trabalho visou traçar um perfil sociodemográfico, de formação e das tarefas exercidas pelo  grupo pesquisado. Seis instituições participaram da coleta e 62 cuidadoras foram entrevistadas. Um dos resultados do perfil é que 100% da amostra são mulheres e mais da metade tem entre 40 e 50 anos. Ao longo do diagnóstico, esse aspecto indica que essas mulheres tiveram outros trabalhos até entrarem para essa área ou já tinham experiência, mas de maneira informal. Praticamente todas possuem um nível de formação técnica ou de cursos rápidos, mas ainda sentem a necessidade de aprender coisas novas.

A pesquisa de Joyce despertou o interesse de Carlos Eduardo Celani, do segundo período de Terapia Ocupacional - Foto: Assessoria EEFFTO/Jéssica Romero

Durante cerca de um ano, o grupo fez um levantamento das ILPIs de Belo Horizonte; coletou dados; aplicou questionários e entrevistas e devolveu o resultado às instituições. A ideia foi possibilitar reflexões que podem gerar melhorias na rotina e na capacitação das profissionais. A relevância da pesquisa parte do ponto de que a formação profissional das cuidadoras impacta diretamente na forma como elas desempenham os cuidados e se relacionam entre si e com os idosos.

 “Foi muito bacana a experiência, pois a pesquisa me abriu um olhar diferente para minha área e complementou minha formação prática e teórica. O tema do meu trabalho de conclusão de curso também nasceu dessa pesquisa e da importância de estudar o que cerca o público idoso”, disse.

Joyce Martins já apresentou esse trabalho em outros eventos da UFMG - Foto: Assessoria EEFFTO/Jéssica Romero

A diversidade dos temas foi um fator que deu o tom de integração ao evento. Uma das pesquisas do curso de fisioterapia, por exemplo, relacionava o uso de aparelhos eletrônicos com o desenvolvimento típico das crianças. A pesquisa “Associação entre classes econômicas e tempo gasto no uso de aparelhos eletrônicos em crianças com desenvolvimento típico” está vinculada ao Grupo de Estudos em Desenvolvimento e Aprendizagem (GEDAM) da EEFFTO.

A coleta de dados incluiu questionários aplicados aos familiares responsáveis pelas 72 crianças da amostra. A partir de diferentes perspectivas (esporte, questões sociais e desenvolvimento em longo prazo), o trabalho avaliou crianças da rede pública e particular de ensino e é orientado pelo professor Rodolfo Novelino.

O GEDAM já pesquisa o tema há dois anos e a estudante de educação física Welisney Brito, que apresentou o pôster, compõe a esquipe há um ano e meio.  “Um dos desafios da pesquisa é conciliar todo o processo da iniciação científica com a graduação, mas o lado positivo é muito gratificante. A gente passa a entender o fazer científico nos mínimos detalhes durante a prática”, contou. 

Welisney pretende ingressar no mestrado e continuar sua trajetória como pesquisadora - Foto: Assessoria EEFFTO - Jéssica Romero

 

A graduanda de Fisioterapia Izabelle Saraiva, apresentou trabalho sobre a reprodutividade do questionário ABILOCO-BRASIL em indivíduos pós Acidente Vascular Encefálico (AVE). De acordo com ela, esse tipo de questionário tem como objetivo avaliar a habilidade de locomoção do indivíduo, de acordo com a percepção dele. O teste tem 13 perguntas sobre como andar, pular, girar e subir escadas. É um modelo que auxilia no processo de avaliação  dos pacientes, para saber se eles são capazes de realizar certas atividades de locomoção. 

O ABILOCO é um questionário de autopercepção da habilidade de locomoção que avalia o desempenho dos indivíduos. A pesquisa está vinculada ao NeuroGroup que faz parte da linha de pesquisa sobre os Estudos em Reabilitação Neurológica no Adulto, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação da EEFFTO.  O trabalho vem sendo orientado pela professora Luci Fuscaudi Teixeira Salmela.

O estudo entrevistou 31 indivíduos pós AVE, com idade média de 60 anos
Foto: Iago Proença/Assessoria EEFFTO

"O questionário diagnostica se os pacientes que sofreram o AVE precisam de ajuda para realizar atividades cotidianas e como: se precisam apoiar em móveis da casa, se apoiar em outras pessoas ou se eles conseguem fazer sozinhos", explicou.

Seminários

Um diferencial do I Encontro da Pesquisa e Extensão foi a ideia de realizar os quatro seminários que ocorreram nos turnos da manhã e da tarde.  Na parte da manhã, os responsáveis por conduzirem uma discussão sobre a extensão e a pesquisa foram os docentes Luciano Pereira da Silva, do Departamento de Educação Física, e Lívia de Castro Magalhães, professora colaboradora na pós-graduação em Ciências da Reabilitação. A mediação dos temas foi feita pelo professor do Departamento de Educação Física, Cléber Augusto Gonçalves Dias.

Lívia Castro, Christina Faria, Franco Noce, Luciano Pereira e Cléber Augusto - Foto: Assessoria EEFFTO/Jéssica Romero

Luciano Pereira trouxe uma contextualização histórica da extensão no Brasil, e levantou o debate sobre como ela acontece atualmente na Universidade. A extensão compõe o tripé base da universidade pública: ensino, pesquisa e extensão. 

O valor principal da extensão apontado pelo professor Luciano é que ela é uma forma eficaz de aproximar o público externo da universidade pública. Para ele, seja através de projetos que envolvam a comunidade externa em atividades frequentes, como cursos ou atendimentos clínicos, por exemplo, ou por meio de ações sazonais, como a Colônia de Férias da EEFFTO, a extensão deve ser encarada como uma prioridade das universidades públicas. Apesar disso, o professor acredita que ainda existe certa desvalorização para esse campo de atuação nas universidades. Para ele, essa desvalorização já começa nas formas de pontuação dos currículos docentes em concurso, por exemplo. Em muitas universidades, o desenvolvimento de ações de extensão não vale tantos pontos quanto à pesquisa.

Um dos desafios enfrentados por docentes que estão à frente de projetos de extensão é o de conseguir aliar a extensão ao fazer científico e a publicação de artigos, por exemplo. A falta de tempo é um dos fatores indicados por ele como determinante para isso.

“Temos que repensar a estrutura profissional da universidade. É fundamental termos processos mais tranquilos para que seja possível desenvolver extensão e pesquisa. Também é preciso pensar um formato diferente de pesquisa, um outro modelo mais conectado com as necessidades da sociedade” afirmou.

Luciano Pereira (de azul) é coordenador do PET Educação Física e Lazer, que promove várias atividades de extensão - Foto: Assessoria EEFFTO/Jéssica Romero

Para apresentar os possíveis caminhos de quem escolhe a pesquisa, Lívia de Castro Magalhães trouxe uma exposição didática que tratou o cotidiano da carreira do pesquisador. De forma simples e bem humorada, a docente apontou diferentes aspectos que precisam ser trabalhados pelos pesquisadores: personalidade, resiliência, paciência, tolerância e habilidade em comunicar-se foram alguns deles.

Para ela, a pesquisa é um grande desafio com nuances que devem ser encaradas com persistência. O manejo do tempo também foi discutido em sua apresentação, e dado como algo fundamental até mesmo para o bem estar emocional do pesquisador. Ela ressaltou a importância de saber equilibrar o lazer e o trabalho, para não deixar que a sobrecarga atrapalhe a motivação de quem pesquisa.

“As pesquisas feitas na universidade pública são financiadas por dinheiro público, e devem servir para contribuir com um bem comum e dar voz para as pessoas que não estão nesse lugar. Um bom pesquisador deve descobrir sua paixão e perseguir esse caminho com dedicação”, disse.

Lívia Castro é professora aposentada do Departamento de Terapia Ocupacional - Foto: Assessoria EEFFTO/Jéssica Romero

Na parte da tarde, os seminários discutiram a relação entre pesquisa e inovação tecnologica, além de uma apresentação sobre empreendedorismo na extensão. Para falar sobre esses temas a mesa teve como moderadora a professora Ana Cláudia Porfírio Couto, do Departamento de Esportes, e os docentes palestrantes Thales Rezende de Souza, do Departamento de Fisioterapia, e Luciano Sales Prado, do Departamento de Esportes. 

O tema “A pesquisa no campo da inovação tecnológica: desenvolvimento de produtos e patentes” foi apresentado por Thales, que também é coordenador do Laboratório de Análise do Movimento (LAM), falou  sobre o desenvolvimento de estudos realizados no LAM.  Um dos estudos apresentados foi sobre uma veste que vem sendo desenvolvida baseada no conceito de tensegridade na biomecânica. A tensegridade é um termo usado para definir uma propriedade que se aplica em materiais cujos componentes usam da tração e da compressão de uma maneira que proporcine estabilidade e resistência. 

"O potencial dessa pesquisa é que o produto visa uma otimização da postura em movimentos humanos, ou seja, ajuda o paciente em tarefas simples como ficar em pé e andar”, explicou o docente.

Thales Rezende fez sua pós-graduação em Ciências da Reabilitação, na EEFFTO
Foto: Iago Proença/Assessoria EEFFTO

O pesquisador comentou ainda sobre os efeitos da veste em movimento extremo e em pacientes crianças com paralisia. Thales ainda explicou quais serão os próximos passos dessa pesquisa, como por exemplo, a realização de testes clínicos em diversas áreas.

Já para falar sobre o empreendedorismo na extensão, o convidado foi Luciano Sales Prado, do Departamento de Esportes. O professor desenvolveu uma apresentação em torno de uma exposição sobre exemplos do Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG, para mostrar a relação entre o tema debatido e o cotidiano do trabalho no CTE.

Luciano Sales é diretor do CTE/UFMG - Foto: Assessoria EEFFTO/Iago Proença

Entre os pontos destacados por Luciano está a forma como o CTE e a EEFFTO estão integrados, através de várias ações de pesquisa e projetos de extensão. "Os cursos da Escola estão ligados com o Centro, seja no processo de iniciação científica ou na formação de novos atletas, bem como, a formação de profissionais, além dos esportistas que utilizam toda a estrutura do local para treinamento”, disse. 

Outro exemplo dado por ele foi sobre a experiência docente dos professores da EEFFTO que acompanham diariamente esse trabalho de formação. Um dos projetos citados, por exemplo, foi o coordenado pelo professor Franco Noce, do Departamento de Esportes. O projeto Psicologia do Esporte consiste numa equipe de profissionais que se capacita para realizar atendimentos piscológicos voltados ao esporte para atletas do CTE. Atualmente, o projeto atende atletas do Atletismo, Judô, Taekwondo, Nado Sincronizado e da Natação.

O estudante do sexto período de Fisioterapia Valdisson Bastos, participou do evento na parte da tarde e elogiou a iniciativa. Além de assistir os seminários, ele também apresentou sua pesquisa de iniciação científica. "Eventos como esse possibilitam que os alunos busquem um conhecimento que vai além da sala de aula. Momentos como esses são essenciais para nossa formação acadêmica", afirmou.

Com a flexibilidade de horários da programação, Valdisson conseguiu apresentar seu trabalho e assistir os seminários
Foto: Iago Proença/Assessoria EEFFTO

Conheça os trabalhos selecionados para concorrer a uma premiação realizada na XXVI Semana do Conhecimento: acesse aqui.