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Time de Natação Paralímpica de Uberlândia realiza semana de treinamentos no CTE

16/02/2018 | 09:00

Por Júlia Calasans

Treinamento de qualidade, uma experiência em um lugar diferente com uma boa estrutura, mudança de ares: foi com esses objetivos em mente que a Equipe de Natação Paralímpica do Praia Clube, de Uberlândia, realizou uma bateria de treinos no Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG. Entre comissão técnica e nadadores de diferentes categorias, quinze pessoas participaram dos treinamentos, que aconteceram entre os dias 05 e 09 de fevereiro e utilizaram, além da piscina, de outros espaços do Centro, como a academia de musculação.

Essa não foi a primeira visita do Praia ao CTE: atletas da Seleção Brasileira que fazem parte do Clube realizaram duas baterias de treinos no Centro em 2016. Essa foi a primeira vez, porém, que o time completo visitou o espaço. O principal motivo pela escolha do CTE como local de treinamento foi, segundo o técnico Alexandre Vieira, a estrutura, que se destaca pela acessibilidade, e uma oportunidade de oferecer um espaço diferente para que os atletas tivessem uma experiência agregadora e de qualidade.

Treinar no CTE foi a oportunidade de conhecer um espaço novo, fora do que já é habitual na rotina dos atletas
Foto: Assessoria EEFFTO

“Hoje a estrutura do CTE é com certeza uma das melhores do Brasil, sem dúvidas, e isso foi um fator que influenciou na escolha. Mas o principal motivo foi tentar fugir da rotina de treinamento. Nós temos um Centro de Treinamento em São Paulo, mas como ele é muito voltado para a nossa modalidade, estamos sempre convivendo com as mesmas pessoas. Se torna uma zona de conforto. É legal conhecer um espaço diferente. E a maior vantagem do CTE é que, aqui, eles podem focar o dia inteiro só nos treinos, sem distrações”, disse.

Alexandre, que treina a Equipe Paralímpica do PRAIA desde a sua criação, em 2010, destacou também a importância de que mais parcerias entre Clubes Privados e Universidades Públicas sejam realizadas, principalmente levando em consideração o atual panorama do esporte paralímpico no Brasil.

“Acredito que parcerias como a nossa com o CTE são muito interessantes, porque a partir delas, podemos começar a criar parâmetros de avaliação, que são muito escassos para a nossa modalidade. O deficiente não é comparado, é encarado como um só, e isso pode ser prejudicial ao desenvolvimento dos atletas. Então acredito que uma relação mais próxima entre Universidades e Clubes pode ser não apenas benéfica para a trajetória profissional dos atletas, mas também para as Universidades, para a parte Acadêmica”, explicou.

Alexandre é Mestre Em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
Foto: Assessoria EEFFTO/Júlia Calasans

Atleta do PRAIA desde 2014, a Ana Paula Fernandes, de 22 anos, disse estar gostando da rotina de treinamentos, que embora cansativa, foi também proveitosa.  Ela já fez parte da Seleção Brasileira Paralímpica de Jovens e está se preparando para o Torneio Open Brasil, que acontecerá esse ano em abril, e também para os Jogos Universitários Brasleiros Paralímpicos. Ela também tem o objetivo de se classificar para os Jogos Panamericanos Universitários. Essa foi a primeira visita da atleta à cidade e ao CTE.

“Acho que parcerias como essa entre o Praia e o CTE são importantes porque é uma forma de o atleta se diversificar. Conhecer um outro espaço, uma nova forma de treinamento. É grande, é acessível e a gente repara isso nos detalhes: os banheiros são espaçosos, têm espaços pra cadeirantes, os elevadores funcionam... A primeira coisa que eu pensei quando vi essa piscina era que devia ter uma competição aqui. Agora que temos o Centro Olímpico em São Paulo, todas as competições são lá, e eu até sinto saudades de quando nós íamos para vários lugares diferentes para competir”, disse.

Ana Paula é graduanda do quinto período de Educação Física pelo Centro Universitário do Triângulo (UNITRI)
Foto: Assessoria EEFFTO/Júlia Calasans

Ana Paula nada há 11 anos e entrou no cenário competitivo em 2009 na sua cidade natal: Joinville, em Santa Catarina. Nesses anos todos de experiência, ela observa que o Cenário Paralímpico no Brasil evoluiu bastante, embora enxergue aspectos a serem melhorados.

“Eu acho que precisa de mais gente para competir, mas tirando isso, muita coisa melhorou. As competições são organizadas e, hoje em dia eu vejo que tem mais incentivo. Quando eu treinava em Joinville, eu dependia de bolsa atleta, era tudo mais difícil. Do Praia eu não tenho nada a reclamar: eu sou contrata com carteira assinada, com todos os direitos, férias, tudo certo. Nunca tive tanto suporte igual tenho no Clube. E isso é importante, porque querendo ou não, a gente pensa na parte do dinheiro. Ser atleta é um trabalho, também”, apontou

A Equipe do Praia possui atletas de diversas categorias, alguns integrantes da Seleção Brasileira
Foto: Assessoria EEFFTO/Pedro Paixão

Já o atleta do Praia desde 2010 Victor Alan, de 25 anos, enxerga a situação de maneira diferente. Ele também fez parte da Seleção Brasileira Juvenil e se prepara para o Torneio Open Brasil e para os Jogos Universitários. Segundo o atleta, é necessário que haja maior incentivo para o esporte paralímpico brasileiro e que, apesar de todos os avanços, ainda há muito o que ser melhorado na modalidade.

“Nosso paralímpico ainda está muito fora da reta, principalmente se compararmos com o esporte olímpico brasileiro. Com os jogos que aconteceram no Rio, teve até alguma visibilidade, mas falta ações que sejam voltadas para o paralímpico especificamente. Precisamos de verba, apoio, visibilidade. A mídia sempre nos procura em época de paralimpíadas, mas depois nos esquece. A mídia esportiva devia dar mais atenção para nós. Acho que isso seria um grande incentivo”, disse.

Victor está no sexto período do curso de Engenharia Civil pela Universidade de Uberaba (UNIUBE)
Foto: Assessoria EEFFTO/Júlia Calasans

Nadador há dez anos, Victor, apesar das dificuldades, diz não pensar em praticar qualquer outra modalidade. A natação entrou em sua vida como uma necessidade, mas acabou se tornando uma paixão.

“Eu uso prótese na perna há mais de vinte anos. Então além de ser um complemento para a minha saúde, a natação se tornou algo pelo qual fiquei realmente aficionado. Eu gosto de praticar e amo competir. Cheguei a estudar educação física em período integral na UFU, mas quando meus estudos e meu treinamento começaram a se atrapalharem, eu escolhi a natação, larguei o curso, procurei outro. Não me vejo fazendo qualquer outra coisa além de nadar”, revelou.