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Qualidade do sono na Terceira Idade é tema de palestra realizada na EEFFTO

19/03/2018 | 11:27

Por Júlia Calasans

A entrada na Terceira Idade traz diversas mudanças físicas para o idoso. O corpo tem novas necessidades e, para que se mantenha a qualidade de vida, é necessário repensar hábitos e se manter sempre informado sobre todas as transformações que a idade pode trazer. E foi pensando nisso que a EEFFTO ofereceu aos idosos do Programa Envelhecimento Ativo, no dia 16 de março, palestra sobre Sono e Qualidade de Vida com a presença da professora Andressa da Silva de Mello.

O evento aconteceu em razão do Dia Mundial do Sono, que em 2018 foi comemorado no dia 16 de março, e seguiu a cartilha da Associação Brasileira do Sono para esta data, que teve como tema “Respeite seu sono e siga seu ritmo”. Parceria entre o Centro de Estudos em Psicobiologia e Exercício Físico (CEPE) da EEFFTO e o Programa Envelhecimento Ativo, a palestra integrou as atividades do evento Promovendo a Autoestima da Mulher Idosa, que acontece através de diversas atividades durante todo o mês de março.

Andressa começou a palestra explicando sobre as funções que o sono tem na qualidade de vida: fixação da memória e da atenção, manutenção da pressão cardíaca, do metabolismo, do comportamento muscular, melhora do humor e da disposição, combate à obesidade, à depressão e à ansiedade. Depois, ela comentou sobre as diferenças entre as fases do sono: a nREM (Movimento Não Rápido dos Olhos), que ocupa 75% do período de sono e é responsável pelo descanso profundo, e a fase REM (Movimento Rápido dos Olhos), que é onde acontecem os sonhos e a fixação das memórias. Essas fases se alternam em múltiplos ciclos durante a noite e são igualmente importantes para o organismo.

Palestra teve a presença de idosos que fazem parte do Programa Envelhecimento Ativo
Foto: Júlia Calasans/Assessoria EEFFTO

Há vários fatores que podem afetar a qualidade do sono, alguns de natureza social, como hábitos de vida, estresse, rotinas atarefadas, e outros de natureza biológica: um deles é a idade. Andressa explicou que, durante a infância, uma pessoa possui uma média de 15 horas de sono diárias, enquanto um idoso dorme, em média, apenas 6,5 horas por dia.

“Com a idade, diminui a média da quantidade de sono e também da qualidade. Há uma tendência maior de cochilos durante o dia e, durante a noite, a queixa de vários despertares: para beber água, para ir no banheiro. Essa é uma reclamação bem comum. Os idosos demoram mais a pegar no sono e acordam mais cedo, além de terem o sono mais superficial”, explicou.

A essas mudanças, podem acompanhar distúrbios de sono. Segundo Andressa, a apneia obstrutiva do sono, fechamento da garganta e bloqueio da passagem durante a noite, o que ocasiona roncos, diminuição da qualidade do sono e sonolência durante o dia, é mais comum em homens, enquanto as mulheres, graças à menopausa, vivenciam principalmente o problema da insônia.

Os efeitos de uma rotina ruim de sono são a redução da eficiência do processamento cognitivo, o déficit da memória, o aumento da irritabilidade, as alterações metabólicas e endócrinas, o aumento de quadros hipertensivos e o aumento da dor. Para evitar essas consequências, Andressa aconselhou, primeiramente, conhecer sua própria rotina de sono, entendendo o quanto de sono é necessário para o bem-estar do seu próprio corpo.

“Os números que eu mostrei aqui são médias. Existem idosos que dormem dez horas por noite, existem idosos que dormem seis. E isso não é um problema se isso for o suficiente para você. Não existe uma regra de quantas horas devem ser dormidas por noite, tem gente que se sente ótima com cinco horas, tem gente que precisa de mais. Cada um precisa conhecer suas necessidades e respeitá-las”, defendeu.

Andressa de Mello é pós-doutora em Ciências do Esporte pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências do Esporte da EEFFTO
Foto: Júlia Calasans/Assessoria EEFFTO

Além disso, ela aconselhou a manter uma rotina fixa de horários para dormir e a separar a cama apenas para o sono, fazendo as demais atividades diárias, como comer ou assistir TV, em outros cômodos da casa. Ela recomendou uma alimentação leve durante a noite, evitando comidas pesadas ou bebidas que possuam cafeína, e a prática de exercícios físicos, que promovem a atividade corporal e possuem efeitos comprovados na melhora da qualidade do sono. Andressa também observou a influência dos aparelhos eletrônicos nas rotinas de sono e aconselhou o uso com moderação, evitando se expor a estímulos luminosos perto da hora de dormir.

Carmelita dos Santos, de 63 anos, professora aposentada e membro do Projeto Educação Física para a Terceira Idade há seis meses, reconheceu-se na palestra.  Depois da menopausa, sofreu uma diminuição da qualidade do sono: acorda várias vezes durante a noite e não se sente descansada ao acordar pela manhã. Ela disse ter gostado da iniciativa de fazer a palestra.

“Acho legal fazerem esse tipo de palestra porque nós idosos somos muito desinformados, então é bom sabermos, tirarmos dúvidas. Eu estava com dúvidas sobre a influência das coisas que eu comia na parte da noite no meu sono e a Andressa respondeu tudo certinho. E algumas das soluções que ela passou eu já sei que funcionam, como por exemplo a atividade física. Depois que eu comecei a participar do projeto, minha rotina de sono melhorou muito! Os dias que eu faço atividade aqui são sempre as minhas melhores noites de sono”, disse.

Carmelita é formada em Letras e agora pensa em fazer uma nova graduação em Serviço Social
Foto: Júlia Calasans/Assessoria EEFFTO

Para o bolsista do projeto Educação Física para a Terceira Idade e graduando em Educação Física na EEFFTO Jackson Martins, a palestra está antenada ao evento “Promovendo a Autoestima da Mulher Idosa” graças à relação entre atividade física, sono e bem-estar de vida. Para esse mês, o evento ainda têm programadas sessões de cinema no dia 19 com os idosos e um dia de beleza, que será realizado no dia 26 de março com oficinas de maquiagem, penteados e outras atividades.

“Nós realizaríamos outro evento hoje, mas conversamos com a Andressa e pensamos que seria interessante fazer essa junção. A atividade física é importante pro funcionamento do corpo, liberando hormônios relacionados ao prazer físico, à felicidade, à satisfação, e isso tudo, junto a noites de sono melhores, com certeza serve para melhorar o jeito como os idosos, não apenas as mulheres, se enxergam”, defendeu ele.

Jackson está no oitavo período do Bacharelado em Educação Física na EEFFTO
Foto: Júlia Calasans/Assessoria EEFFTO

Apesar do foco da palestra na saúde da terceira idade, Andressa da Silva reconheceu que o problema é generalizado e uma consequência dos hábitos de vida modernos.  Assim, as dicas dadas aos idosos também são válidas para todas as pessoas, que, caso achem necessário, devem procurar um médico para que possíveis distúrbios sejam identificados.

“O tema escolhido pela Associação Brasileira de Sono para esse ano é interessante. É necessário que respeitemos nossa própria rotina de sono, que respeitemos o nosso corpo: ‘meu corpo diz que agora é a hora de dormir, então vou dormir’. O problema é que, nos dias de hoje, as pessoas não se dão a oportunidade de dormir bem. Devido aos aspectos da industrialização, ao trabalho, ao estudo, dormimos muito tarde, acordamos muito cedo. Vivemos em uma sociedade doente de sono” observou.