Trabalhadores noturnos ou por turno têm menor resposta à vacinação, aponta estudo da UFMG | EEFFTO - UFMG  


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Trabalhadores noturnos ou por turno têm menor resposta à vacinação, aponta estudo da UFMG

15/09/2020 | 14:57

Por Fabiano Guieiro*

Um estudo realizado por professores da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da UFMG, mostra que trabalhadores noturnos ou por turno têm menor resposta imunológica a vacinação. O estudo foi publicado na revista Elsevier e foi feito em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

Segundo o artigo, trabalhadores noturnos demonstram um prejuízo na resposta humoral, celular, além de alterações hormonais, em relação aos trabalhadores diurnos. De acordo com a literatura, estudos demonstram a existência de perfis diferentes na resposta à vacinação em indivíduos saudáveis, sendo que alguns demonstram resposta mais vigorosa em relação a outros.

Um dos autores do estudo, o Prof. Dr.  Marco Tulio Mello do Departamento de Esportes da EEFFTO, explica que a qualidade do sono interfere diretamente nessa baixa resposta.

"Ela é menor porque as pessoas estão dormindo menos. As pessoas que trabalham a noite ou trabalham por turno acabam dormindo durante o dia. E o período que dormem durante o dia não é igual ao período da noite. Então dormir de dia é muito mais prejudicial do que dormir a noite. Você tem uma qualidade e eficiência do sono menor, a parte hormonal de neurotransmissão está toda alterada. Por isso que as pessoas dormem menos e, dormindo menos, elas acabam com um déficit e uma cara imunológica menor. Então a restrição do sono e a privação do sono faz com que isso ocorra", disse.

"Para cada tipo de vacina vai ter um tipo de reforço  diferente para esses trabalhadores. Tomar uma nova dose, nesses casos, não faz mal, isso é até ele atingir o nível que precisa. O ideal seria dormir e não precisaria do reforço vacinal", detalha o professor.
Foto: Assessoria de Comunicação EEFFTO,

Entre os próximos passos da pesquisa estão avaliar a resposta a outros tipos de vacina, como, por exemplo, contra influenza ou outras doenças respiratórias. Especificamente, considerando a atual pandemia, buscam investigar como esses trabalhadores responderão à nova vacina contra o Covid-19. Também está na pauta avaliar a resposta à vacina nesses trabalhadores considerando diferentes escalas de trabalho, além da investigação de intervenções capazes de reverter essa resposta hormonal reduzida, como o uso de doses de reforço ou doses múltiplas nessa população, que possam maximizar a resposta à vacinação.