CECA divulga estudo de revisão que conclui o benefício crônico dos treinamentos com tarefas duplas | EEFFTO - UFMG  


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CECA divulga estudo de revisão que conclui o benefício crônico dos treinamentos com tarefas duplas

26/02/2021 | 15:35

Por Filipe Guedes

O Centro de Estudos de Cognição e Ação (CECA) da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO-UFMG) realizou um estudo de revisão sobre pesquisas que avaliam os resultados da implementação de tarefas duplas de forma aguda e crônica em treinamentos de atletas de diferentes modalidades. 

Mas o que são tarefas duplas? De forma bastante didática, o professor Gibson Moreira Praça, docente do Departamento de Esportes da UFMG, comenta que esse termo serve para explicar quando dois exercícios (sejam duas atividades físicas ou uma dessas somada a outra atividade cognitiva) são realizados simultaneamente.  

“Tarefas duplas são tarefas adicionais que são incluídas na execução de uma tarefa originalmente pensada. Por exemplo, imagine que um jogador precise fazer embaixadinha (tarefa motora) e, além disso, ele deva lembrar uma sequência de números (tarefa cognitiva) simultaneamente. Sendo assim, ele tem duas atividades diferentes sendo realizadas ao mesmo tempo”, sintetizou. 

A pesquisa do CECA, pautada tanto em esportes coletivos como futebol, quanto em esportes individuais como tênis de mesa, analisou outros 18 estudos para chegar a conclusão de que a exposição aguda a tarefas duplas piora o desempenho motor e cognitivo do atleta, mas a exposição crônica é benéfica. 

“A exposição aguda é aquela analisada na hora do exercício, então a gente observa que, enquanto faz a tarefa dupla, ele tem uma queda de desempenho. Nos estudos, a exposição crônica tem relação com o período de treinamentos no longo prazo, mas o que diferencia é que o agudo é no momento do treinamento e o crônico é considerado depois da repetição desses exercícios com o tempo”, explanou o prof. Gibson apontando a diferença entre os recortes temporais utilizados no estudo. 

É estranho que em um curto prazo esse tipo de exercício seja prejudicial, mas em um longo período os resultados apresentados sejam positivos. Gibson então esclarece o motivo pelo qual isso acontece, evidenciando que existe uma sobrecarga que atua negativamente em primeira instância, porém depois se torna positiva. 

“Quando a gente tem tarefas duplas, o praticante está sobrecarregado. Em um primeiro momento, isso pode parecer ruim, mas é exatamente essa sobrecarga e esse aumento da exigência que geram a melhora do atleta. A consequência é que no momento do exercício ele piora um pouco, mas depois de um período treinando há a melhora”, relatou.