EEFFTO - UFMG  


Alto Contraste

PT ENG ESP





Como usar a máscara durante o exercício ao ar livre sem sufocar? Especialista explica!

29/06/2020

Cinthya Oliveira
22/06/2020 - 13h44

As grades colocadas em torno das principais praças de Belo Horizonte ou na orla da Lagoa da Pampulha não têm impedido cenas de aglomerações de pessoas fazendo exercícios físicos sem máscaras. Um decreto municipal exige que todos os cidadãos utilizem o equipamento de proteção (mesmo que caseiro) em qualquer ambiente público, porém a regra tem sido descumprida em diversos ambientes da cidade. Mas por que é tão difícil fazer a lei ser cumprida na capital mineira?

De acordo com Daisy Motta, pesquisadora do Departamento de Esporte da Escola de Educação Física da UFMG, sabe-se que a máscara provoca grande desconforto na prática de exercícios físicos por dificultar a respiração. E quanto maior a intensidade do exercício, maior a dificuldade de captação de oxigênio para o esportista que está com a máscara. A Organização Mundial da Saúde chegou até a postar no Instagram uma não recomendação de uso de máscaras durante a prática de exercícios.

Mas o incômodo não é motivo para que as pessoas coloquem as vidas delas e dos outros em risco ao realizar uma atividade física. “Se em Belo Horizonte o uso de máscara é obrigatório, então tem que usar durante o exercício. Se houver um maior desconforto durante a prática, então deve-se reduzir a intensidade do exercício ou mesmo interromper a atividade”, afirmou a professora.

Há vários estudos sobre a transmissão do novo coronavírus entre as pessoas que praticam exercícios físicos ao ar livre. Um estudo feito na Holanda, pela Universidade de Tecnologia de Eindhoven, indicou que o ideal é manter uma distância de quatro metros de outras pessoas durante uma caminhada e dez metros numa corrida. No ciclismo, a distância de segurança chegaria a 20 metros Trocas

Como a máscara tende a ficar molhada mais rapidamente quando uma pessoa está realizando uma atividade física intensa (como corrida e ciclismo), o ideal é que o equipamento de proteção seja trocado sempre que estiver úmido. “O ideal é a pessoa sair de casa com várias máscaras e ir trocando, porque a máscara perde a capacidade de filtração quando fica úmida”, explicou.

Dayse também faz uma alerta sobre a balaclava, uma espécie de bandana usada por ciclistas em dias frios. “Esse tecido é muito fino e não protege contra o coronavírus”, avisou a professora. Ainda não está estudos conclusivos sobre quais máscaras seriam ideais para a prática de esportes, mas a OMS recomenda que as máscaras de pano tenham camada tripla, sendo a interna com material mais absorvente (como algodão) e a externa mais resistente. Mas Daisy já adianta que várias empresas internacionais estão desenvolvendo máscaras específicas para práticas esportivas, visando especialmente os atletas de esportes coletivos.

O médico Estevão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, afirma que o mais seguro, neste momento, é que todos façam os exercícios físicos em casa. Mas caso a pessoa saia para correr com máscara, deve redobrar os cuidados. “A máscara úmida perde a efetividade. Por isso, a pessoa que praticou a atividade deve voltar imediatamente para casa e colocar a máscara para lavar. Não deve ficar circulando com essa máscara, nem parar para conversar com outras pessoas”, afirmou. 

Vale lembrar que a máscara, para ser eficiente, deve cobrir boca e nariz e ficar rente ao rosto, mas sem incomodar. 

Sozinho

Para Daisy Motta, a máscara não é necessária se a pessoa estiver sozinha em um lugar, seja ele interno ou externo. “Se está em um ambiente em que não há ninguém, mesmo externo, teoricamente o uso de máscara não faz mais sentido. Mas se está num local com 9 outras pessoas, mesmo aberto, é muito importante o uso da máscara. É uma questão de bom senso. Se houver pessoas fazendo exercício no mesmo lugar que você, volte para casa”.

Uma mostra de que os exercícios físicos devem ser feitos com grande distanciamento social, segundo a professora, foi um estudo feito na Coreia do Sul, a partir de 112 pessoas que tiveram sintomas graves da Covid-19 depois de frequentarem aulas de dança.

A opção mais segura continua sendo fazer exercícios em casa. Subir escadas, pular corda, fazer agachamento e polichinelo, dançar, fazer ioga ou flexões, acompanhar aulas de exercícios pela internet são algumas sugestões. Há ainda aplicativos que ajudam as pessoas a se manterem em forma com simples práticas.