EEFFTO - UFMG  


Alto Contraste

PT ENG ESP





Em busca do sonho de ser atleta, ginastas mirins da UFMG enfrentam falta de patrocínios

21/09/2021

A alternativa dos pais e treinadores foi criar um financiamento coletivo
para que as crianças possam competir fora do estado.

Leonardo Milagres
20/09/2021 - 14h21

Aos 11 anos de idade, Kendra Cristinele de Miranda Lopes treina para conquistar o sonho de se tornar uma ginasta profissional. Ela é uma das integrantes da equipe de atletas do projeto Ginástica Artística da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 

Moradora do bairro Primeiro de Maio, na Região Norte de Belo Horizonte, a jovem divide a rotina de estudos do ensino fundamental com os treinos de quatro horas por dia, cinco vezes por semana, na Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da UFMG. 

Enquanto pratica, a mãe dela, Karine Cristinele de Mirando Lopes, de 42 anos, desempregada, vende água em um semáforo próximo à universidade para ajudar a custear o sonho da filha, que começou há cinco anos.

"Ela sempre foi bem espoleta, subia e pulava em tudo. Muita gente falava: põe essa menina na ginástica. Com seis anos, ela entrou em um projeto da UFMG", diz a mãe. 

Assim como Kendra, outras cinco crianças do projeto têm o sonho de serem atletas profissionais da ginástica artística. Mas a falta de patrocínios ameaça o futuro delas na modalidade. Em novembro, elas foram convocadas para participarem de duas importantes competições: uma nacional, entre os dias 11 e 14, no estado do Mato Grosso, e outra estadual, entre os dias 18 e 19, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro.

As despesas para as quatro meninas, dois meninos da equipe, além dos dois treinadores, ficam em torno de 18 mil reais.

"São meninas que precisam de patrocínio. A gente corre atrás de patrocínio, mas é muito difícil. Agora que a modalidade está aparecendo mais, antes não era tão conhecida", afirma uma das treinadoras, Eliene Souza Novaes, de 29 anos.

Os alunos precisam pagar uma mensalidade de R$ 200 para treinarem na UFMG, que cobre custos com os professores e materiais. Alguns, como a Kendra, recebem bolsa, e contribuem com um valor simbólico. A quantia arrecadada, no entanto, não é suficiente para custear os gastos com as competições.

Pensando nisso, os pais e treinadores decidiram fazer financiamento coletivo, para pagar transporte, hospedagem, alimentação, deslocamento local e eventuais despesas com estes e futuros campeonatos. Enquanto ficam na expectativa de conseguirem disputar as colocações regionais, a inspiração para não desistir nunca vem lá de cima, daqueles que estão ganhando o mundo no esporte.

"É o meu sonho ser ginasta e conhecer a Rebeca. De vez em quando a rotina fica muito pesada, mas é bom. Quanto mais treino, melhor", diz Kendra.