Avaliação e Intervenção com Crianças e Adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O transtorno do espectro autista (TEA), mais conhecido apenas como autismo, é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por prejuízos na comunicação e na interação social, além de comportamentos, movimentos e interesses rígidos e estereotipados. Estudos internacionais apontam a prevalência de 1 criança autista a cada 31 crianças, enquanto, no Brasil, o relatório do Censo de 2022 do IBGE aponta para 2,4 milhões de pessoas autistas no país. Atualmente, o autismo é classificado em 3 níveis, considerando-se o quanto de suporte a pessoa autista precisa no seu dia a dia, sendo nível 1 = precisa de suporte; nível 2 = precisa de suporte substancial e nível 3 = precisa de muito suporte substancial.

Assim como outros transtornos do neurodesenvolvimento, o autismo não é doença e, portanto, não tem cura. Quem nasce autista será autista ao longo de toda a sua vida. Apesar de não ter cura, é possível diminuir as barreiras e as limitações para a pessoa autista desenvolver habilidades e participar das ocupações importantes para ela e para sua família.

No IDEIA, disponibilizamos recursos para avaliação de crianças e adolescentes com autismo, bem como investigamos recursos efetivos tanto para orientação dos pais como para intervenção com este público. Para saber um pouco mais sobre o autismo e como lidar com crianças com essa condição, leia as publicações: Minha criança tem características de autismo: o que fazer? e Autismo na Educação Infantil: como apoiar o desenvolvimento da criança.

 

Projetos desenvolvidos
  • Efeitos da Terapia de Integração Sensorial de Ayres nas atividades de vida diária e na participação de crianças pré-escolares com transtorno do espectro do autismo

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento que se manifesta nos primeiros anos de vida, em geral, antes de a criança ingressar na escola, caracterizado por déficits persistentes na comunicação social e na interação social em diversos contextos. Para o diagnóstico, é necessária a presença de padrões repetitivos e restritos de comportamento, interesses e atividades, incluindo hiper ou hiporeatividade à entrada sensorial ou aos interesses atípicos em aspectos sensoriais do meio ambiente que prejudicam o desempenho em atividades diárias. As atividades de vida diária são foco de estudo dos terapeutas ocupacionais, e, na população autista, a abordagem de Integração Sensorial de Ayres é frequentemente aplicada pelos terapeutas ocupacionais. Portanto, o objetivo desse estudo é avaliar a eficácia da terapia de integração sensorial de Ayres para melhorar o desempenho nas atividades de vida diária e na participação.

  • Estereotipias no TEA: percepções dos cuidadores e dos próprios autistas

Os comportamentos estereotipados podem estar presentes tanto no desenvolvimento de crianças típicas quanto no de crianças atípicas, porém, no desenvolvimento de pessoas com TEA, a presença é mais prevalente. Alguns estudos revelam que há relação entre comportamentos estereotipados e mecanismos de autorregulação de efeito calmante, dessa forma tais comportamentos seriam necessários para controlar as emoções. Em contrapartida, a aceitação social desses comportamentos está diretamente relacionada a fatores culturais, assim como a faixa etária, o conhecimento e a compreensão sobre o TEA, de modo que julgamentos negativos influenciam a forma como indivíduos com TEA lidam com seus comportamentos estereotipados diante de outras pessoas, podendo ocasionar sentimentos negativos. Este estudo busca investigar as percepções de cuidadores de crianças e adultos com TEA sobre os comportamentos estereotipados e como as estereotipias impactam na participação social de crianças e adultos autistas.

  • Autismo e Atividades de Vida Diária: Relação entre habilidades funcionais e assistência do cuidador

Neste estudo buscamos descrever as habilidades funcionais de crianças com TEA e investigar a relação entre a assistência dada pelo cuidador e as habilidades da criança. A pergunta que guia essa pesquisa é: será que os pais ajudam mais que o necessário?

  • A percepção de estudantes autistas universitários sobre suas experiências no ensino superior

É crescente o número de estudantes autistas no ensino superior. Nesse estudo visamos dar voz aos próprios estudantes com TEA a respeito de suas experiências no meio acadêmico. Partindo do pressuposto de que a permanência neste ambiente é penosa devido à falta de recursos direcionados para receber estudantes com TEA, esse ambiente pode se tornar desmotivador, limitar o potencial de aprendizagem e prejudicar a permanência destes alunos na universidade. Portanto, é de extrema importância ouvi-los para mapear facilitadores e barreiras que impactam na sua permanência no ensino superior. Esses dados podem possibilitar corrigir condutas adversas para com esse público e aumentar a compreensão da comunidade acadêmica, fomentando a discussão de políticas públicas a partir das demandas de inclusão elencadas por esse público, para assegurar a permanência e o aprendizado desses estudantes na universidade.

 

Publicações mais recentes

Ferreira, L.F.B; Leite, H.R.; de Sousa Júnior, R.R.; Clutterbuck, G.L.; Fernandes, A.C.; Souto, D.O. & Cardoso, A.A. The Feasibility and Preliminary Effects of Sports Stars Brazil in Adolescents with Autism Spectrum Disorder: A Quasi-Experimental Study, Physical & Occupational Therapy in Pediatrics, 2025

Silva, M P S.; Mota, R S.; Oliveira, K F; Cardoso, A A; Magalhães, L C. Percepção de cuidadores de pré-escolares com TEA sobre seu comportamento e desempenho ocupacional durante a pandemia da COVID-19. Cadernos Brasileiros De Terapia Ocupacional-Brazilian Journal Of Occupational Therapy. v.32, p.1- 22, 2024.

Fernandes, A C.; Souto, D O; Sousa Junior, R R; Clutterbuck, G L; Wright, V; Souza, M G; Ferreira, L F B; Cardoso, A A; Camargos, A C R.; Leite, H R. Sports Stars Brazil in children with autism spectrum disorder: A feasibility randomized controlled trial protocol. PLoS One, v. 18, p. e0291488, 2023

Aragão, L; Lambertucci, I; Lage, C; Lovell, P; Cardoso, A A. Group coaching intervention with parents of children with autism spectrum disorder in Brazil – a pilot study. The Allied Health Scholar, v. 3, p. 9-25, 2022.

Eloi, D S; Mareco, K K; Queiroz, A; Lage, C R; Galvão, C P; Araújo, C R S; Cosa, S A; Cardoso, A A. Adaptação transcultural do instrumento Autism Classification System of Functioning: Social Communication (ACSF: SC) para uso no Brasil. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, v. 27, p. 293-301, 2019

Achou esse conteúdo útil? Compartilhe.

WhatsApp
Email
Facebook
LinkedIn

Veja também:

Avaliação e Intervenção com Crianças e Adolescentes com Deficiência Física e Múltipla

Foco na investigação de recursos de avaliação e efeitos de diferentes programas de intervenção em crianças e adolescentes com paralisia cerebral e outros transtornos do movimento, como terapias de alta intensidade, treino direcionado ao objetivo, programas domiciliares associados a ferramentas de telessaúde, programas de transição...

Avaliação e Intervenção com Crianças e Adolescentes com Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC)

O Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) é um transtorno comum do neurodesenvolvimento que atinge cerca de 5% da população infantil. O TDC é caracterizado por alteração discreta na coordenação dos movimentos, mas que tem impacto importante na vida escolar, familiar e social da criança....

Prematuridade e Desenvolvimento Infantil

O que é prematuridade? A gestação geralmente dura 9 meses ou 40 semanas. Bebês que nascem prematuramente, antes de completar 37 semanas de gestação, são chamados de pré-termo. Cerca de 10% dos bebês que nascem no Brasil são pré-termo. Avanços tecnológicos no cuidado intensivo neonatal...