O Ambulatório da Criança de Risco – ACRIAR – é um serviço de seguimento, até os 7 anos de idade, de bebês que nascem na maternidade do Hospital das Clinicas (HC) da UFMG com idade gestacional abaixo de 34 semanas e peso ao nascimento menor ou igual a 1500 gramas. O ambulatório foi criado em 1988, devido a preocupação de docentes das áreas de pediatria, neurologia infantil, fisioterapia e terapia ocupacional em saber o que acontecia com os bebês que saiam da Unidade de Cuidados Progressivos Neonatal da Maternidade Otto Cirne do HC/UFMG. Atualmente o ACRIAR conta com equipe multidisciplinar composta por docentes e estudantes de pediatria, neuropediatria, fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional, odontologia e assistência social. Cada setor tem protocolo próprio de seguimento, sendo que devido ao foco do IDEIA abordaremos apenas o programa de acompanhamento do desenvolvimento feito pelo setor de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Para informações sobre os outros setores visite: https://www.medicina.ufmg.br/acriar/index.php

Acompanhando o desenvolvimento de recém-nascidos pré-termo

Os bebês com critério para encaminhamento para o ACRIAR são agendados para a primeira consulta com a pediatra no momento da alta da maternidade. Nessa consulta os pais são informados sobre o programa de seguimento e é feito encaminhamento para os outros profissionais da equipe multidisciplinar. Os pais são esclarecidos de que, concomitante ao ACRIAR, devem manter seguimento de rotina no Posto de Saúde.

No ACRIAR profissionais e estudantes de fisioterapia e terapia ocupacional atuam conjuntamente, seguindo protocolo de consultas periódicas, nas quais se aplicam testes e questionários padronizados para triagem de atraso no desenvolvimento global, com maior ênfase ao desenvolvimento sensorial e motor. Em todas as consultas, além da avaliação, são tiradas dúvidas e os pais ou familiares são orientados sobre recursos e estratégias para estimulação do desenvolvimento. Sempre que é detectado atraso, é feito agendamento para orientação mais especifica e reaplicação da triagem do desenvolvimento. Quando necessário, é feito encaminhamento a serviços de intervenção na comunidade, próximo da moradia da família, ou nos ambulatórios da UFMG.   

As consultas de seguimento do desenvolvimento do setor de fisioterapia e terapia ocupacional do ACRIAR seguem um protocolo padronizado, do nascimento aos 7 anos de idade, como descrito Quadro abaixo.

Aos 7 anos de idade é feita a ultima avalição, a criança recebe um diploma de participação no ACRIAR e é enviado relatório para os pais com a síntese da avaliação e recomendações. Quando necessário, a família é reagendada para encaminhamento para serviços de suporte ou intervenção.

Desafios do seguimento – Ideias para manter a adesão ao programa

Embora as pesquisas e nossa experiência clínica alertem para a necessidade do seguimento do desenvolvimento de bebês que nascem prematuramente, nem sempre as famílias entendem essa necessidade ou tem recursos para participar do programa do ACRIAR. O assistente social tem papel importante no suporte às famílias, mas mesmo assim, por se tratar de seguimento de sete anos, são muitos os casos de abandono ou evasão do acompanhamento. Com base em nossas pesquisas e em resposta às demandas das famílias, criamos alguns materiais informativos para explicar o trabalho da equipe e alertar os pais para a importância do seguimento.

Como está o desenvolvimento do seu bebê? Na saída da maternidade, ao agendar a primeira consulta pediátrica no ACRIAR, os pais recebem cartão informativo sobre o programa.

1ª consulta

Esperamos você! Imã de geladeira, com lembrete do telefone do ACRIAR para reagendar consultas, caso necessário.

Última consulta

Diploma de conclusão do seguimento. Marca o encerramento do programa, aos 7 anos

 

 

Referência dos testes utilizados

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