Hospital Bias Fortes – UFMG
Alamêda Álvaro Celso, 175, 4º andar
CEP 30150-260 – Belo Horizonte – MG
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- 4as feiras de 13:30 às 17:30
O Ambulatório da Criança de Risco – ACRIAR – é um serviço de seguimento, até os 7 anos de idade, de bebês que nascem na maternidade do Hospital das Clínicas (HC) da UFMG com idade gestacional abaixo de 34 semanas e peso ao nascimento menor ou igual a 1500 gramas. O ambulatório foi criado em 1988, devido à preocupação de docentes das áreas de pediatria, neurologia infantil, fisioterapia e terapia ocupacional com o crescimento e com o desenvolvimento dos bebês que saíam da Unidade de Cuidados Progressivos Neonatal da Maternidade Otto Cirne do HC/UFMG. No ACRIAR são desenvolvidas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Trata-se de um rico ambiente para aprender sobre os impactos e sobre os desfechos da prematuridade e investigar formas de melhorar a assistência as crianças que nascem prematuramente e apoiar as famílias.
Atualmente o ACRIAR conta com equipe multidisciplinar composta por docentes, residentes e estudantes de graduação e pós-graduação de pediatria, neuropediatria, fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional, além do apoio da assistência social do HC/UGMG e de profissionais de psicologia e odontologia, alunos de cursos de pós-graduação que desenvolvem projetos na área de prematuridade. Cada setor tem protocolo próprio de seguimento, sendo que, devido ao foco do IDEIA, abordaremos apenas o protocolo de acompanhamento do desenvolvimento do setor de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Para informações sobre os outros setores, visite:
Acompanhando o desenvolvimento de recém-nascidos pré-termo
Os bebês com critério para encaminhamento para o ACRIAR são agendados para a primeira consulta com a pediatra no momento da alta da maternidade. Nessa consulta os pais são informados sobre o programa de seguimento e é feito encaminhamento para os outros profissionais da equipe multidisciplinar. Os pais são esclarecidos de que, concomitante ao ACRIAR, devem manter seguimento de rotina no Posto de Saúde.
No ACRIAR profissionais e estudantes de fisioterapia e terapia ocupacional atuam conjuntamente, seguindo protocolo de consultas periódicas, nas quais se aplicam testes e questionários padronizados para triagem de atraso no desenvolvimento global, com maior ênfase ao desenvolvimento sensorial e motor. Em todas as consultas, além da avaliação, são tiradas dúvidas e os pais ou os familiares são orientados sobre recursos e estratégias para estimulação do desenvolvimento. Se há sinais evidentes de atraso ou alteração neuromotora, o bebê é agendado no serviço de fisioterapia do HC, para avaliação e intervenção precoce. Se há sinais inconsistentes de atraso, é feito agendamento com espaço de tempo mais curto, para nova orientação e reaplicação da triagem do desenvolvimento. Sempre que necessário, é feito encaminhamento a serviços de intervenção na comunidade, próximo da moradia da família, ou nos ambulatórios da UFMG.
As consultas de seguimento do desenvolvimento do setor de Fisioterapia e Terapia Ocupacional do ACRIAR seguem um protocolo padronizado, do nascimento aos 7 anos de idade. Esse protocolo de seguimento, descrito brevemente no quadro abaixo, foi criado com base em evidências científicas, visando a identificação o mais cedo possível de sinais de paralisia cerebral e outros transtornos do neurodesenvolvimento. Nos dois primeiros anos de vida, as avaliações são agendadas considerando a idade gestacional corrigida.
Protocolo de seguimento do desenvolvimento | |
Primeira consulta
| Um mês após a alta da maternidade e, preferencialmente, antes de completar 2 meses de idade corrigida, é feita entrevista para coleta de dados sociodemográficos, bem como primeira observação do bebê, que pode ser informal ou com uso do Teste de Triagem do Desenvolvimento Denver II, se o bebê tiver idade suficiente.
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1º ano
| Consultas quadrimestrais, com uso do Denver-II e da Survey of Well-Being of Young Children (SWYC) em todas as consultas, além da observação do Movimentos Gerais (General Movements – GMs) e do Hammersmith Infant Neurological Examination (HINE), para identificação de risco de paralisia cerebral aos 4 meses e da Movement Assessment of infants (AIMS) aos 8 meses, para detecção de atraso motor. |
2º ano
| Consultas semestrais (18 e 24 meses de idade corrigida) para detecção de atraso no desenvolvimento com uso do Denver-II e do SWYC, o que inclui triagem para transtorno do espectro autista (TEA) |
3 a 5 anos
| Consultas anuais para detecção de atraso no desenvolvimento global com uso do Denver-II e do SWYC, além do uso do Little-Developmental Coordination Disorder Questionnaire (L-DCDQ-BR), aos 4 anos, para detecção de sinais de transtorno do desenvolvimento da coordenação (TDC). |
6 anos | Atendimento em grupos separados de mães/pais e crianças. Grupo de mães/pais: conversa sobre a situação atual da criança, troca de ideias sobre aspectos do comportamento e de outras questões que aparecerem na discussão. As mães/pais preenchem dois questionários – a Nippsing District Developmental Screening Checklist, lista de checagem para identificação de atraso no desenvolvimento, e o Strengths and Difficultes Questionnaire (SDQ), para triagem de problema emocionais e de comportamento na infância. Grupo de crianças: observação do desempenho e interação das crianças fazendo atividades que constam da lista de checagem Nippsing. |
7 anos
| Avaliação do desenvolvimento motor utilizando testes como o Movement Assessment for Children (MABC-2), a Avaliação da Coordenação e Destreza e Motora (ACOORDEM) e o teste de coordenação visomotora Developmental Test of Visomotor Integration (VMI). São aplicados também questionários, como o DCDQ-BR, para detecção de TDC, o SNAP-IV, para detecção de TDAH, e o SDQ, para triagem de problemas emocionais e de comportamento, que são mais frequentes em pré-termos. |
Aos 7 anos de idade, quando é feita a última avalição, a criança recebe um diploma de participação no ACRIAR e é enviado relatório para os pais com a síntese da avaliação e com recomendações. Conforme o resultado da avaliação, se necessário, a família é encaminhada para serviços de suporte ou intervenção.
Desafios do seguimento – Ideias para manter a adesão ao programa
Embora as pesquisas e nossa experiência clínica alertem para a necessidade do seguimento do desenvolvimento de bebês que nascem prematuramente, nem sempre as famílias entendem essa necessidade ou têm recursos para participar do programa do ACRIAR. Embora mantenhamos registros atualizados dos telefones e os agendamentos sejam sempre confirmados por mensagem, por se tratar de seguimento de sete anos, são muitos os casos de abandono ou evasão do acompanhamento. Com base em nossas pesquisas e em resposta às demandas das famílias, criamos alguns materiais informativos para explicar o trabalho da equipe e alertar os pais para a importância do seguimento.
1ª Consulta
Esperamos você! Imã de geladeira, com lembrete do telefone do ACRIAR para reagendar consultas, caso necessário.
Última Consulta
Diploma de conclusão do seguimento. Marca o encerramento do programa, aos 7 anos.
Referência dos testes utilizados
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