“Comer, treinar e dormir”: Professor da EEFFTO trabalha na preparação de atletas para os Jogos Rio 2016 | EEFFTO - UFMG  


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“Comer, treinar e dormir”: Professor da EEFFTO trabalha na preparação de atletas para os Jogos Rio 2016

04/08/2016 | 10:11

 

Nesta reta final de preparação para os Jogos Olímpicos Rio 2016, cada segundo de treinamento conta para potencializar o rendimento dos atletas. No entanto, não é apenas o esforço físico direto e o talento que direcionam um atleta até o pódio. No universo esportivo, a importância do sono e dos períodos de descanso para um bom desempenho já é consenso entre esportistas e corpos técnicos.  

Para atletas de alto nível, um padrão de sono adequado é essencial. Pesquisas e especialistas apontam uma série de prejuízos à performance esportiva quando há privação ou restrição do período de sono necessário. 

Mau humor, baixa no sistema imunológico, queda no rendimento durante treinamentos, atrofia muscular e aumento de lesões são algumas das consequências diretas do déficit de sono para um atleta.

“É preciso entender que o sono é também um momento de recuperação, pois enquanto dorme o atleta libera o GH, um hormônio que ajuda no processo regenerativo muscular. Também é durante o sono que há recuperação dos processos cognitivos de atenção e de concentração”, explica o professor do Departamento de Esportes da EEFFTO, consultor do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e especialista do sono, Marco Túlio de Mello.

Marco Túlio de Mello, professor da EEFFTO e referência na área de estudos do sono no Brasil

É preciso, portanto, que haja um balanceamento entre o volume de treinamento e o tempo de sono, amplamente compreendido como um período fundamental de recuperação dos atletas.

Contudo, o Comitê Olímpico Internacional (COI) trouxe uma novidade para os atletas que disputarão a Olimpíada nas modalidades de natação, atletismo e voleibol. As provas preliminares e finais destes esportes acontecerão no período noturno pela primeira vez na história dos jogos. 

A realização destas provas em horário próximo à meia-noite poderia acarretar sérios prejuízos psicobiológicos aos atletas. As equipes sofreriam com alterações no padrão de sono, o que consequentemente afetaria o resultado final e reduziria a performance máxima que estes esportistas poderiam alcançar.

Para minimizar os graves efeitos desta decisão do COI, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) convocou uma série de especialistas para compor uma equipe de profissionais que definiram estratégias de intervenção para dar suporte às equipes nacionais.

Um dos profissionais a compor a equipe é o professor Marco Túlio de Mello, um renomado especialista do sono que está trabalhando diretamente com os atletas da equipe de natação e de handebol do Brasil.

O processo de preparação destes atletas para os novos horários olímpicos já acontece há cerca de dois anos. A equipe de profissionais realizou avaliações com todos os competidores para diagnosticar e tratar distúrbios do sono, como apneia, ronco e ranger de dentes. 

Posteriormente, o trabalho do professor se expandiu para a organização de estratégias que possibilitassem que os atletas cumprissem seu rendimento mesmo com a privação do sono. “Tentamos adequar o ritmo biológico deles aos novos horários das provas, para que eles possam ficar acordados até mais tarde e dormir até mais tarde. Organizamos os horários destes atletas para garantir o rendimento de forma adequada”, comentou Marco Túlio de Mello.

Semanas antes da grande abertura dos Jogos Olímpicos, que acontece na sexta-feira, 05 de agosto, os atletas da natação, como Thiago Pereira – uma das grandes esperanças de medalha da Delegação Brasileira - cumprem com afinco o plano de métodos e estratégias traçados pelos especialistas, como o uso dos óculos de ‘Banho de Luz’.

O dispositivo irradia alta luminosidade para o atleta, o que aumenta a temperatura corporal central em um momento no qual ela está em declínio, para que possam ter um desempenho sem prejuízo durante as competições

Segundo a equipe de profissionais, a resposta aos métodos aplicados tem sido muito positiva. A expectativa é de que o ritmo e o nível dos atletas durante os novos horários seja equivalente à performance nos períodos comuns de competição. A esperança é que a Delegação Brasileira conquiste muitas medalhas, seja no tardar da noite ou no raiar do dia.