Professor da UFMG e fisiologista da Seleção Brasileira de futebol olímpico comenta ouro | EEFFTO - UFMG  


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Professor da UFMG e fisiologista da Seleção Brasileira de futebol olímpico comenta ouro

23/08/2016 | 11:16

O Brasil inteiro vibrou com a vitória nos pênaltis da Seleção Masculina de Futebol contra a rival Alemanha, no último sábado, 20, que culminou na conquista do ouro olímpico inédito. O fato renovou os ânimos da torcida, após dois anos do fatídico placar de 7 x 1 na Copa do Mundo de 2014. Apesar das maiores estrelas da competição terem sido os jogadores, parte essencial dessa vitória residia dentro dos centros de treinamento: os profissionais da Comissão Técnica da Seleção, e entre eles, o professor e ex-aluno da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG (EEFFTO), Eduardo Pimenta.

Convocado pela terceira vez para atender Seleção Brasileira, Eduardo coordenou o departamento de Fisiologia e desenvolveu um plano de preparação que atendia às necessidades dos atletas. O enfoque do trabalho era centrado nos períodos de recuperação entre os jogos, a partir do monitoramento dos fatores fisiológicos, como qualidade de sono.

“O modelo de competição (dos Jogos Olímpicos) é muito denso, porque os jogos proporcionam pouco intervalo de recuperação. Nós garantimos a recuperação do atleta através de estratégias que envolvem a qualidade de sono, uma boa alimentação e um controle efetivo da carga de treinamento, que já é elevada. Então o fisiologista trabalha como suporte de algumas ciências do esporte em relação à Comissão Técnica, garantindo uma boa recuperação entre os treinos e partida", afirma.

O professor ainda complementa que, a fim de fazer a análise do desempenho, foi necessário acompanhar a higiene do sono dos atletas através de actígrafos (um aparelho semelhante a um relógio de pulso que registra com precisão o padrão do sono). "Monitorou-se o controle do movimento dos esportistas através de GPS, acelerômetros, equipamentos que medem marcadores de enzimas atreladas ao dano muscular, termografia e algumas escalas de percepção subjetiva", conclui.

Charles Costa, fisioterapeuta (à esquerda) e Eduardo Pimenta, fisiologista (à direita) acompanhando partida nas Olimpíadas
Charles Costa, fisioterapeura (à esquerda) e Eduardo Pimenta, fisiologista (à direita) acompanhando partida da seleção

Performance dos jogadores

Entre fatores que podem influenciar a performance dentro do campo, Eduardo cita as diferenças entre cada atleta e a necessidade de atender a cada demanda individualmente. “O grande desafio ao receber os atletas que chegam com condições diferentes, vindo de clubes diferentes e modelos de treinamento diferentes, é que nem sempre é possível homogeneizar a carga de treinamento. Então, iniciamos a fase de preparação com 20 dias de antecedência à estreia do primeiro jogo. Esse tempo, acrescido aos ajustes do dia a dia de carga, foram suficientes para garantir o desempenho. “

União foi o diferencial

De volta a Belo Horizonte após a temporada no Rio, o professor avalia o resultado e atribui a boa campanha da seleção nas Olimpíadas à união do time. “O início não foi da forma como a comissão havia planejado, e isso gerou uma insegurança no grupo, o que é absolutamente normal.Contudo, a partir da terceira partida, através de uma união e ajustes no processo, o grupo adquiriu confiança e o trabalho fluiu", pontua.

Segundo Pimenta, desde o princípio, o objetivo  principal da Comissão Técnica era o resgate do futebol brasileiro, depois do famoso ‘7 x 1’, na Copa do Mundo. A  Seleção Brasileira, desde então, foi muito questionada, não só pela mídia, mas também pelo próprio torcedor. "Então, o destino nos presenteou com uma final contra a Alemanha, reproduzindo o mesmo cenário e mostrando para o mundo que o ‘7 x 1’ foi um mero acaso”.

Carreira de sucesso

Eduardo atua como Fisiologista do Cruzeiro desde 1997 e tem passagens pelo Barueri e Ipatinga. Ele acredita que a experiência dentro dos clubes foi essencial no sucesso da sua carreira como fisiologista. “Eu não chegaria à Seleção Brasileira sem o apoio do Cruzeiro. Eu tenho uma história lá dentro de quase 20 anos de serviços prestados ao time. Enquanto era aluno da UFMG cursava o quarto período e já iniciava minha carreira nas divisões de base. Então eu atribuo esse título e essa oportunidade a toda essa história construída dentro do Cruzeiro", declara.

O professor não se esquece também de todo o percurso desenvolvido dentro da EEFFTO, dos professores que teve, quando era aluno, e dos aprendizados adquiridos que contribuíram para que, hoje, ele seja um profissional de sucesso. A experiência vivida dentro das olimpíadas e esse título inédito conquistado a partir de muito trabalho significa, para Edurardo, também mais credibilidade em seu trabalho como docente. "O título e experiência ímpar (de participar de uma Olimpíada) trazem também credibilidade ao trabalho que é realizado aqui na UFMG".