29/09/2016 | 14:31
Para quem figura as cadeiras universitárias, poder dialogar com profissionais que já estiveram no mesmo lugar e têm alcançado grandes espaços no mercado de trabalho é muito importante. Pensando nisso, a Ativa, empresa júnior da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO), da UFMG, trouxe o fisioterapeuta do Cruzeiro e da seleção olímpica masculina, além de ex-aluno da EEFFTO, Charles Costa.
“Nós temos essa intenção de possibilitar para o estudante o conhecimento da prática profissional, fazendo intercâmbio entre universidade e mercado. [...] Mostrar para o aluno daqui que ele pode confiar na formação que está tendo, porque se correr atrás tem totais condições de chegar no lugar que almeja”, explicou o presidente da Ativa, Mauro Júnior.
A palestra com o profissional aconteceu na última quarta (28), no Auditório da EEFFTO, intitulada “Fisioterapia: uma paixão sem remédio”. A apresentação de Charles foi esquematizada em três etapas, começando pelo compartilhamento da sua experiência na conquista do ouro olímpico, passando pela fisioterapia esportiva e terminando em um momento de mensagens de encorajamento e estímulo profissional.
“Essa é uma oportunidade ímpar porque, enquanto acadêmicos, sempre imaginamos alcançar objetivos e estar bem na profissão. A gente [profissional] mostra o caminho, e as pessoas se espelham nisso, o que acaba sendo um facilitador pra alcançar as suas metas”, analisou Charles.
Seleção olímpica
Inicialmente, o profissional contou sobre o privilégio de ter integrado a comissão técnica da seleção masculina durante a Rio 2016. Ele já era fisioterapeuta da seleção sub-20 com o técnico Rogério Micale, que ficou a cargo da equipe olímpica pelo pedido de Tite. Mesmo com essa experiência prévia com seleção, a rotina de Charles é dentro de um clube, onde pode sistematizar um trabalho perpassando toda uma temporada, e com jogadores que já conhece.
Diferente desse aspecto do clube, a seleção oferece um panorama de atletas vindo de competições diferentes, ou até mesmo de período entre temporadas – às vezes férias. Esse desentendimento de ritmos de jogo e preparação dos atletas olímpicos demandou um trabalho preventivo do setor de fisioterapia, pensando na carga de treinamentos atribuída antes e durante a grande competição.
“No contexto da fisioterapia, nosso maior desafio foi criar um trabalho de base, para que todos os atletas pudessem ter aquisições motoras que permitissem e facilitassem a recepção de carga futura”, disse Charles.
Fisioterapia Esportiva
Uma das especificações da fisioterapia, a área esportiva, com a qual trabalha Charles, foi outro assunto exposto. Ele falou do impacto de patologias no movimento e sobre como a disfunção dos movimentos pode levar a uma patologia. Pensando no pouco tempo de recuperação entre um jogo e outro do Campeonato Brasileiro, por exemplo, o profissional ainda comentou o desafio de conter esse desgaste dos atletas.
“Ao escutar ecos de cascos no chão, pense primeiro em cavalos e não em zebras”, mencionou Charles, apontando para muitas atividades que podem ser realizadas junto aos atletas, sem que haja a necessidade de um grande aparato tecnológico. O fisioterapeuta falou também, sobre importância de olhar primeiro para o simples, exemplificando com testes que realiza com jogadores do Cruzeiro e com alguns que fez na seleção durante a Olimpíada.
“Você vive quando nunca cruza os braços”
Aos 16 anos, Charles teve câncer e precisou amputar a perna direita. Comentando uma situação contemporânea à doença e que passou com seu pai, relembrou o momento em que estava desanimado e seu pai pediu que ele olhasse para o chão. Ouvindo isso e ainda sem compreender o pedido, assim o fez.
“Teu destino está debaixo da sola dos seus pés”, disse o pai de Charles. O fisioterapeuta contou como muitas vezes é possível evitar problemas, mas que a forma como se encara o problema que não dá para evitar é o diferencial de cada um. "Você vive quando não cruza os braços" e "Viver é ser um movimento que nunca para" também foram reflexões, de um vídeo passado pelo profissional, que ajudaram a ditar o tom de estímulo nos minutos finais da palestra.
Finalizando o evento, Charles comentou a importância da dedicação aos estudos e da preparação árdua para alcançar o que se almeja. “Construa hoje o profissional que você deseja ser amanhã, pois no final a luta será sempre de você com você mesmo”, assinalou o fisioterapeuta para um público composto em sua maioria por alunos.