16/08/2017 | 13:52
Por Jessica Romero
Um dia para falar sobre a prática e a gestão do fazer científico na UFMG, debater os rumos da pesquisa no Brasil e conversar sobre os frutos e projeções do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (PPGCR) da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da UFMG. Assim foi o seminário que comemorou os 15 anos do PPGCR, evento que ocorreu na última sexta-feira, 11 de agosto, no Auditório Principal da EEFFTO.
As palestras dividiram-se entre o turno da manhã e da tarde e tiveram a participação de docentes do programa e de outras unidades. Os nomes convidados também foram pensados para que houvesse representantes das principais agências de fomento à pesquisa no país. Pesquisadores da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) debateram o papel do PPGCR em nível regional e nacional, a pós-graduação dentro da UFMG e as avaliações que visam disputar verbas para projetos.
O discurso de abertura foi lido pela coordenadora do Programa e professora do Departamento de Terapia Ocupacional, Marisa Cotta Mancini. O texto foi escrito por ela junto à subcoordenação do PPGCR, a professora do Departamento de Fisioterapia Rosana Ferreira Sampaio. Entre os trechos destacados por elas, está a trajetória de crescimento e a busca constante por evolução.
"Enfrentamos o desafio de nos consolidar no cenário da Pós-Graduação nacional. Iniciamos nossa caminhada em 2002, com conceito 04 da CAPES e hoje somos um programa com conceito 06. O Programa de Pós-graduação em Ciências da Reabilitação vem construindo uma trajetória ascendente, corroborada quanti e qualitativamente por sua produção científica, prêmios, parcerias nacionais e internacionais. Esses indicadores de excelência devem nos motivar para buscarmos manter a qualidade da formação discente e dos produtos do nosso programa”, apontaram.
O segundo momento do seminário foi conduzido pelo Pró-Reitor de Pesquisa da UFMG, Ado Jório de Vasconcelos e pela Pró-Reitora de Pós-Graduação da UFMG, Denise Maria Trombert de Oliveira. Ado também é professor no Departamento de Física da universidade e trouxe sua perspectiva em um debate sobre a ciência, a pesquisa e a sociedade.
Já a professora Denise pertence ao Departamento de Botânica do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG. Apesar da experiência em sala de aula, ambos puderam falar também sobre a relevância das práticas da gestão docente. Para a consolidação de programas de pós-graduação, é necessário também a dedicação dos professores em se dividir entre esse tipo de função e tarefas que vão além da pesquisa.
“Não basta ficar satisfeito com o alto nível das pesquisas e descuidar dessa parte de gestão dos programas. Nem todos terão o perfil para esse tipo de cargo, mas cada professor tem alguma competência que deve ser aproveitada nesse sentido. É preciso assumir o compromisso com esse lado da carreira docente” disse o pró-reitor.
Durante sua apresentação, Denise trouxe estatísticas sobre o atual cenário da pós-graduação na UFMG. Ela discutiu a forma como o segmento vem crescendo e sua sustentabilidade ao longo dos anos. Além disso, a pró-reitora falou sobre as expectativas para os novos rumos da ciência e os desafios enfrentados meio a crise política brasileira.
“Já vivi muitas crises na universidade e acredito que vamos descobrir caminhos para superar mais essa. Interromper o ritmo, a produtividade e a qualidade das pesquisas feitas aqui seria catastrófico”, disse.
A professora também ressaltou sua felicidade em perceber o envolvimento dos jovens docentes do PPGCR em vários projetos e na organização do evento. “Fiquei impressionada com a qualidade e o cuidado da organização desse seminário. Tem muitos jovens no programa e isso é fundamental para o crescimento e uma formação de qualidade”, afirmou.
O professor do Departamento de Fisioterapia Renan Alves Resende, faz parte do quadro de jovens professores que participou da comissão que planejou e realizou o evento. Ele fez seu mestrado e doutorado pelo PPGCR e reiterou a importância histórica do programa.
“Nosso programa foi o primeiro específico sobre Ciências e Reabilitações no país. Além da responsabilidade de formar diversos professores que trabalham nas principais universidades do Brasil, existe ainda a formação de doutores e médicos tanto para o país como para o mundo”, explicou.
Na parte da tarde a programação teve contribuições do Diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da FAPEMIG, Paulo Sérgio Lacerda Beirão, do diretor da EEFFTO e representante do comitê Assessor Multidisciplinar de Saúde do CNPq, Sérgio Teixeira da Fonseca, e do professor associado do Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Paraná e Representante da Área 21, na CAPES, André Luiz Felix Rodacki.
Paulo Sérgio Lacerda Beirão falou sobre a produção científica nas universidades e a realização de patentes no desenvolvimento de novas tecnologias no Brasil. Segundo o pesquisador, a geração de novos serviços é um dos impactos positivos da área científica.
"Essas produções científicas estão ligadas a áreas como o bem estar social, as politicas de saúde, comportamentos e práticas sociais, prevenção de doenças, e a promoção da saúde de uma forma geral", apontou Lacerda.
Outro ponto destacado pelo professor é o baixo grau de investimento do Governo Federal na área científica. Atualmente, o Brasil investe apenas cerca de 1% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em ciência, o que é considerado pouco se comparado a países menores, porém mais desenvolvidos na área. Além disso, a palestra debateu a importância de defender o Sistema Único de Saúde (SUS) como um modelo de política pública universal de saúde.
A doutoranda do PPGCR Priscila Albuquerque de Araújo foi uma das discentes que participou do evento e viu nele uma oportunidade de debater seu desenvolvimento. “Fui aluna de mestrado em 2005, quando o programa tinha pouco mais de quatro anos de existência. Vi de perto o crescimento nesses 15 anos e é muito gratificante estar aqui neste momento”, relatou Priscila.