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Jaqueline Mourão fala de sua passagem pela EEFFTO

28/03/2014 | 14:03

 

Natural de Belo Horizonte, Jaqueline Mourão, ex-aluna da EEFFTO, estudava medicina antes de começar sua graduação em Educação Física na UFMG em 1996. A atleta é a única brasileira que participou cinco vezes das Olimpíadas, tanto nas edições de verão, com duas participações, quanto nas de inverno, com três participações. Este ano, na abertura dos Jogos de Inverno em Sochi, na Rússia, a mineira foi porta-bandeira da delegação brasileira. “A minha passagem pela EEFFTO-UFMG foi uma época muito boa da minha vida. Sempre tive que conciliar minha carreira esportiva, na época o Mountain Bike, com a vida acadêmica. Mas apesar de ser cansativo, esta foi uma experiência muito válida, pois boa parte do que aprendia na escola, aplicava imediatamente no meu esporte”, relembra.

Em 1998 a mineira fraturou a perna esquerda em um treinamento, quando ainda praticava o Downhill - modalidade que consiste em descer percursos montanhosos o mais rápido possível - e foi submetida a uma cirurgia, na qual foram colocados nove parafusos e uma placa de metal. Jaqueline conta que na EEFFTO encontrou seu "porto seguro", pois com essa lesão ficou fora das pistas durante quase 1 ano. “Os estudos me ajudaram a ficar forte e a me desenvolver em outros domínios enquanto eu me recuperava”, relembra.

Jaqueline conta que ser pioneira no Mountainbike (MTB) foi uma de suas dificuldades, pois ainda não existia um caminho do esporte no país. "Precisei trilhar cada etapa desta trajetória até conseguir ser a primeira mulher brasileira a representar o Brasil nas olimpíadas no MTB em 2004. Ao procurar informações específicas sobre o meu esporte, acabei criando a minha própria estrutura, através do estudo e dos excelentes profissionais que estavam à minha volta. Fui bolsista de iniciação científica pelo CNPQ e vi o CENESP praticamente ser construído. Passava boa parte do meu dia lá, estudando, participando de avaliações em atletas e de projetos científicos". Paralelamente ao treinamento a atleta buscava na graduação e no mestrado formas de aperfeiçoá-lo e no mesmo ano das Olimpíadas de Atenas (2004) defendeu sua dissertação pouco antes de ir para Europa se preparar para seus primeiros Jogos Olímpicos.

A paixão pelo esqui surgiu quando conheceu Guido, seu marido, no Canadá, em 2005. Segundo o professor Leszek Szmuchrowski seu orientador no Laboratório de Avaliação de Carga de treinamento (LAC), após sua segunda participação nos Jogos Olímpicos de Verão, Jaqueline decidiu se dedicar somente às modalidades de inverno, na época o esqui e posteriormente o tiro quando não podia esquiar por conta da gravidez. O professor lembra que a mineira apresentava resultados expressivos nos esportes que praticou, desde o MTB aos esportes de inverno, como o cross-country (uma espécie de maratona de esqui com subidas, descidas e trechos planos) e o biathlon (ou biatlo), que consiste em duas competições simultâneas: de tiro e cross-country, mesmo não tendo vivência com neve ou com esses esportes anteriormente.

Na Rússia este ano, a brasileira competiu em três modalidades diferentes: no Sprint Biathlon que tem 7,5 km e conta com duas fileiras de tiro; no biathlon individual, no qual as mulheres esquiam 15 km e existem quatro estandes de tiro no percurso; além do cross-country (Sprint XC). Segundo a atleta apesar de suas colocações (77° no Sprint Biathlon, 65° no Cross-country, 76° no Individual) “o desafio foi enorme, principalmente porque há 4 anos atrás não sabia nem atirar”, comenta Jaqueline.

“Ela teve resultados muito expressivos, ainda mais uma atleta que começou muito tarde nessa modalidade e que não tinha vivência com neve na sua vida,” avalia o professor Leszek. “Torcemos por ela sempre. Realmente, estamos orgulhosos. É uma aluna daqui que conseguiu se realizar tanto esportivamente quanto cientificamente, porque é uma das poucas atletas talvez que participam das olimpíadas que representam o Brasil e tem pós-graduação, mestrado. Uma pessoa muito ambiciosa, que conseguiu duas olimpíadas de verão e três de inverno, cinco participações. Sendo a última em uma modalidade complexa, que além da corrida, exige habilidade para atirar. Jaqueline conseguiu boa marca, com pouca experiência”, completa o professor.

Fotos cedidas por Jaqueline Mourão