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20 de novembro e a Consciência Negra na EEFFTO: A memória da resistência negra no Brasil

20/11/2017 | 12:15

Por Jéssica Romero

O dia 20 de novembro é o Dia da “Consciência Negra” no Brasil. Esta data foi estabelecida através de um projeto lei (10.639), no dia 9 de janeiro de 2003. A escolha relembra a morte do guerreiros negros mais importantes da história brasileira, Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, morto em 1695. Apesar de toda a história de luta e resistência da população negra no país, o racismo ainda é um dos grandes entraves estruturais das desigualdades no Brasil, e cada vez mais tem sido pauta de debate dentro e fora das universidades.

Na UFMG está ocorrendo uma programação unificada para celebrar e discutir o “novembro negro”.  Durante esta semana, para comentar o cenário em torno da data na Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO), serão divulgados textos que pautam o tema através de conversas com membros da comunidade EEFFTO. Para a edição de hoje, foram convidados os professores Luciano Pereira e Elisângela Chaves, e o técnico- administrativo Danilo da Silva Ramos.

Luciano é docente do Departamento de Educação Física e também compõe o Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, atuando numa linha de pesquisa sobre memória, ponto chave de sua perspectiva de compreensão sobre o 20 de novembro. “O dia de hoje representa para nós, brasileiros, a oportunidade de lembrarmos da importância da cultura africana para a sociedade brasileira. Simbolizada pela morte do líder Zumbi, a data é um momento oportuno de conscientização, pois ainda temos muito o que avançar em reconhecimento do papel dessa cultura em nossa formação e também na igualdade de oportunidades da população negra em comparação com a branca”, disse.

Luciano é tutor do PET Educação Física e Lazer na EEFFTO - Foto: Assessoria EEFFTO

Para a docente Elisângela Chaves, do Departamento de Educação Física, demarcar um dia para reflexão sobre a consciência negra é uma ação política. “O racismo é um fato e está engendrado profundamente de formas explicitas e implícitas em nossa sociedade, possibilitando que a comunidade negra sofra atrocidades perante a discriminação racial. Uma data para que possamos contestar, refletir e agir sobre a realidade. Não vejo como homenagem, mas sim como uma evidência da marginalidade e uma ação de reconhecimento da necessidade de atenção, mudança, e projetos sociais e políticos para transformação social em relação aos direitos e deveres sociais de igualdade no país”, explicou.

Elisângela é professora da área de danças na Escola - Foto: Assessoria EEFFTO/Bruna Peconick

O servidor da UFMG e atual secretário do  Colegiado do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, Danilo da Silva Ramos, ressaltou detalhes do período colonial do Brasil que resgatam uma memória do povo negro pouco presente na formação educacional das crianças e jovens brasileiros.

"Temos uma História mascarada pela intenção de distorcer os fatos e esconder a resistência do povo negro, fortalecendo uma narrativa de dominação dos povos de origem europeia. A libertação da escravidão, por exemplo, não ocorreu num contexto de ato de bondade da Princesa Isabel, e sim como resultado da luta organizada do povo negro. Palmares não foi o único quilombo ou movimento, mas foi o mais importante por conta de tudo que alcançou, organizando diversas sociedades contra a escravidão. Essa data vai muito além do que lembrar da figura de Zumbi como heroi, mas sim o que ele representou para o povo negro e a história do Brasil", afirmou. 

Danilo ingressou na EEFFTO em 2017 - Foto: Assessoria EEFFTO/Jéssica Romero

Acesse aqui e saiba mais sobre Zumbi e  aqui  para conhecer Dandara, ícones da luta contra do racismo.