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Diploma para ministrar aulas de Educação Física é tema em discussão

22/11/2013 | 14:25

Foi aprovado na câmara dos deputados, no dia 30 outubro de 2013, um projeto de lei que estabelece diretrizes e bases da educação nacional (LDB) para que a Educação Física, no ensino infantil, fundamental e médio, seja obrigatoriamente ministrada por profissionais formados. Muitas escolas do país não exigem que as aulas de Educação Física no ensino infantil sejam ministradas por profissionais graduados em licenciatura em Educação Física. A professora Katia Lemos, do Departamento de Educação Física e coordenadora do curso de graduação, explicou sobre as consequências e danos causados por essa postura na educação. 

Qual é o panorama da Educação Física nas escolas hoje?

Professora Katia: O governo do estado abriu um precedente de que nas séries iniciais, não precisaria ser professor de educação física pra dar aula de educação física. Essa norma apenas valeria do 6º ano em diante, em que o professor seria um especialista. O nosso questionamento sempre foi que professora regente de classe não está habilitada a oferecer todo o conteúdo, e com qualidade, porque ela não tem essa formação específica, não porque ela não é uma boa professora. Acaba que uma fase importantíssima de formação, quando se cria o repertório motor, cria-se a base do que vai precisar para a vida jovem e adulta, não é oferecida com a qualidade e competência que deveria ter. A lei já existe, o que precisa é ser seguida. Isso me incomoda muito, porque a escola deveria ser o fórum privilegiado de construção do cidadão. 

E quais os danos que essa situação provoca na criança? 

Professora Katia: Nessa vida urbanizada que levamos, a aula de educação física e o recreio são, praticamente, os únicos momentos que a criança tem pra experimentar os movimentos do corpo. Até as coisas mais básicas: arremessar, escalar, correr, se equilibrar, sustentar o copo em posição invertida. Depois, é esse repertório que dá a ela as condições de aprender os jogos (como futebol e basquete). As crianças precisam ser estimuladas adequadamente. 
Quando a criança chega no 8º/ 9º ano, todos os jovens que se sentem ameaçados por uma atividade que ele não conhece, se fecha para essa atividade, porque ele não quer se expor. Ele acaba criando uma aversão à aula de educação física, porque a aula cria para ele situações de constrangimento. Então ele se torna um adulto que não vai praticar exercício, mas depois vai ter que fazer por uma questão de saúde.

Qual o impacto disso para o profissional de educação física?

Professora Kátia: Depois, o profissional precisa recuperar em um curto período de tempo o que a criança deveria ter aprendido em 4 anos. A disciplina de educação física é uma disciplina de formação integral e não pode sair das séries iniciais, porque junto com o português e a matemática, ela vai ajudar a construir um jovem crítico, ativo, que lide com seu corpo, que tenha um repertório motor amplo. Eu não tenho paciência pra esse discurso econômico, porque eu não consigo ver nenhum outro argumento pra manter profissionais não qualificados que não seja a redução de custos.