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Mestrando da EEFFTO inova ao estudar a participação do tronco no chute no futebol

28/06/2018 | 13:28

Por Laryssa Campos

O esporte mais popular no Brasil é, sem dúvidas, o futebol, tanto que diz-se que no país todo mundo já nasce técnico da modalidade. Quando começam os jogos, a maioria das pessoas é capaz de fazer suas análises e tirar as próprias conclusões sobre o time e os jogadores. Portanto, não é preciso dizer que o chute no gol é o momento mais esperado. Mas, para que esse objetivo seja efetivado, há um longo percurso a se fazer. Os jogadores devem usar seus corpos incansavelmente, principalmente as pernas "correto", não totalmente. Para um chute preciso e forte é necessária também a utilização correta dos membros superiores do corpo.

Essa foi a descoberta do mestrando Diego da Silva Carvalho do curso de Ciências da Reabilitação, defendida em tese sob a orientação do professor Thales Rezende de Souza e co-orientação da professora Juliana Ocarino ambos do Departamento de Fisioterapia da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da UFMG. Indo na direção contrária à maior quantidade de pesquisas relacionadas ao chute no futebol, Diego optou por estudar a participação dos membros superiores no chute. A ideia surgiu quando ainda estava na graduação em Fisioterapia e participou de um programa de iniciação científica. Nesse momento, havia um aluno de mestrado fazendo uma pesquisa acerca do chute no futebol, o que o fez se interessar pela temática.

Numa primeira análise, Diego e Thales trabalharam a dúvida quanto a participação do tronco na ação dos membros inferiores, pois não sabiam ao certo se, de fato, a parte superior do corpo agregava ao desempenho dos jogadores. Para alcançar resultados satisfatórios, foi necessário compreender a análise do fluxo de energia, já que, ao chutar uma bola, o que ocorre é a transferência de energia mecânica da perna para o objeto.  A partir dos estudos feitos nos laboratório do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (PPGCR), concluiu-se que tronco (abdômen, pélvis, tórax) ajudavam no fluxo de energia destinado à bola. Para isso, os pesquisadores usaram tecnologia de ponta de aparelhos, como o sistema de análise de movimento tridimensional (3D) Codamotion, a plataforma de força OR6-e o software Visual 3D.

Esquema do corpo do atleta feita no programa Visual 3D
Imagem: Diego Carvalho/Arquivo pessoal

Diego da Silva afirmou que a pesquisa é inovadora, pois há pouca literatura acerca do tema atualmente. Além disso, os estudos que encontraram focam apenas no movimento em si e não na sua produção.

Hoje em dia as análises estão, em sua grande maioria, concentradas nos membros inferiores, mas alguns estudos referentes à contribuição da parte superior do corpo têm surgido. Entretanto, as pesquisas são puramente sistemáticas, ou seja, focam diretamente no movimento em si, sem se preocupar com as forças que estão relacionadas ao chute. O nosso diferencial foi também analisar a potência para compreender os fluxos de energia”, disse.

Diego revelou estar satisfeito em colaborar com a ciência e o esporte
Foto: Laryssa Campos/Assessoria EEFFTO

De acordo com o professor Thales Rezende, muitas das lesões sofridas pelos jogadores de futebol poderiam ser evitadas por meio do treino da parte superior do corpo.

“O tronco ajuda a transferir energia mecânica para os membros inferiores para chutar a bola. Desse modo, quando um atleta vai realizar o ataque e tem fraqueza dos músculos do tronco, ele terá que forçar os membros inferiores. Ao fazer muita força nos membros inferiores, os músculos dessa região podem sofrer lesões, estiramentos e problemas nos joelhos, tudo isso porque sobrecarregará os músculos do membro inferior e pélvis”, ponderou.

Ainda segundo o docente, esse estudo será de grande importância dentro da própria Universidade, no projeto de extensão "Análise do Movimento e da Funcionalidade Humana", que faz atendimento à comunidade.

“Tratando-se da universidade, nós temos o Projeto, que é de prestação de serviços pra avaliação do movimento. A metodologia que usamos tem bastante potencial para ajudar às pessoas, pois conseguimos diagnosticar. Portanto, como foi desenvolvido um modo de coleta para a pesquisa, também podemos utilizar esse método para prestar serviços”, comentou.

Thales é cordernador do projeto de análise do movimento e da funcionalidade humana
Foto: Laryssa Campos/Assessoria EEFFTO

Há ainda a perspectiva de que a pesquisa avance, já que os pesquisadores pretendem continuar a estudar essa temática para compreender se há sobrecarga dos músculos inferiores, quando a parte de cima do corpo sofre alguma restrição.