27/08/2018 | 13:44
Por Laryssa Campos
Você percebia algo de estranho nas placas que indicam o prédio da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) UFMG. Provavelmente, não. Mas, os alunos que cursaram a disciplina Autonomia e Empoderamento e Terapia Ocupacional perceberam um detalhe de grande importância: as placas excluíam os nomes dos cursos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Para intervir sob o problema, então, os discentes se uniram e incluíram as graduações negligenciadas nas placas para que, assim, sintam-se representados e inclusos no prédio.
Regina Céli Fonseca Ribeiro, docente que ministra a disciplina, abriu o debate acerca da autonomia e empoderamento dos estudantes dentro do espaço no qual estão inseridos, para que, juntos determinassem qual intervenção deveria ser feita na escola. Assim, o grupo analisou sua participação no espaço físico da EEFFTO e percebeu que não desfrutavam ao máximo como poderiam, além de notar uma sub-representação na instituição.
Para a professora, que já ofereceu a aula em alguns semestres, o interesse da turma por essa temática foi muito interessante, pois o engajamento deles dentro do ambiente de estudo tem total identificação com a proposta da matéria.
“Quando a gente fala de autonomia e empoderamento, necessariamente falamos de construção coletiva, de reflexão, política e de mudança. Então, se não houver transformação podemos pensar numa autonomia parcial ou num empoderamento relativo. Começamos a perceber que explorávamos muito pouco dos espaços, até mesmo os da terapia ocupacional. Assim, a ideia surgiu enquanto questionamento sobre o quanto a gente se identificava com esse lugar. Até, por fim, chegar às ideias das placas”, relatou.
No sexto período do curso de Terapia Ocupacional, Luísa Aragão Nogueira de Freitas, analisou o fato de o ambiente ser mais utilizado pelos alunos e professores do curso de Educação Física e como essa situação afetou a decisão de conduzir as aulas.
“Percebemos pela vivência que cada uma (aluna) tem dentro do prédio, que o espaço é muito mais ocupado pelos alunos e profissionais da educação física, e a gente não fala do espaço físico apenas, mas também, o local que as relações das pessoas acontecem. Assim, começamos a questionar o que podíamos fazer pelo prédio e qual seria nossa atuação de forma ativa nesse processo de mudança”, disse.
A presença estudantil tem sido uma questão dentro da Universidade que tem passado por uma ausência dos discentes nas decisões sobre a Instituição. Dessa forma, Thais de Souza Novais, atualmente no quinto período de Terapia Ocupacional, ressaltou a falta dos alunos para alcançar mudanças na Instituição.
“Ainda falta conscientização dos estudantes para entender que esse prédio é nosso, não só da Educação Física, e se empoderar disso. Também, ter autonomia e reconhecer que precisamos participar mais das atividades da EEFFTO. Falta um pouco de reconhecimento dos alunos, o que conseguimos conversar na disciplina”, relatou.
Além disso, o diretor da Unidade, Professor Gustavo Pereira Côrtes, informou ter se sentido feliz com o interesse dos alunos pelo espaço da escola, além de ressaltar a importância do ato realizado.
“Faz parte da nossa administração, sempre que possível ouvir todos os atores da nossa instituição. E quando chega esse pedido de um grupo de alunos que discutiram essa questão de empoderamento e autonomia nos faz perceber que existe uma semente que pode germinar, basta que ela seja de certa forma incentivada enquanto ação. Então, pra mim não foi nenhum constrangimento perceber a atividade das alunas, muito pelo contrário, porque faz parte da direção atender, acolher e, principalmente, incentivar qualquer ação discente”, comentou.
Para efetivar o desejo de reconhecimento dos cursos de fisioterapia e terapia ocupacional, os graduandos enviaram à diretoria uma solicitação de novas placas indicativas que, dessa vez, inclua todos os cursos da EEFFTO. Ainda segundo o diretor da Escola, o requerimento já foi efetivado e essa ação é importante para que todos reconheçam a necessidade da participação estudantil na construção da Universidade.
“Esse pedido nos fez atentar que naturalizamos a ausência. A modificação, nesse sentido, é importante porque aqui é um espaço, mas quando nós transformamos em local damos um novo significado pra ele. Uma placa pode parecer pouco, contudo é o que indica a quem pertence esse espaço. Foi uma importante organização estudantil que nos faz refletir verdadeiramente sobre os espaços e o sentimento de pertencimento à nossa escola. Esperamos que mais alunos se interessem, cada vez mais, em estabelecer na nossa escola um local no qual elas terão uma participação efetiva, além de compreender a unidade como uma responsabilidade de todos”, afirmou.