Atuação do Terapeuta Ocupacional é tema do I Circuito de Colóquios do PET-TO | EEFFTO - UFMG  


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Atuação do Terapeuta Ocupacional é tema do I Circuito de Colóquios do PET-TO

25/09/2018 | 13:44

Por Laryssa Campos

O I Circuito de Colóquios em Terapia Ocupacional (TO) em Saúde Pública, organizado pelo Programa de Educação Tutorial da Terapia Ocupacional (PET-TO), foi realizado no dia 22 de setembro no Auditório Maria Lúcia Paixão, de 9h às 17h e recebeu professores da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) para tratar sobre as mudanças políticas na atenção básica e a atuação do terapeuta ocupacional nesse meio.

A primeira mesa do dia tratou da alteração da política nacional de atenção básica que foi proposta em 2017. Os professores que ministraram o debate foram Bruno Bechara, do departamento da Terapia Ocupacional, e Fabiane Ribeiro do departamento de Fisioterapia. Os docentes problematizaram as modificações  sofridas, tendo em vista, as consequências para a população e profissionais da Terapia Ocupacional.

Bruno Bechara defendeu que os alunos devem ler as propostas para compreender as diversas partes que são abordadas.

“Essa política é pra potencializar e fomentar a parceria público-privado. O texto é muito grande, por isso é importante que vocês leiam, até mesmo para verem o grau de retrocesso, com a clara intenção de desmantelar a estrutura da atenção primária e permitir que esses princípios sejam respondidos, cada vez mais, pelo setor privado”, enfatizou.

Bruno é membro da Comissão de Saúde Pública do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 4a. Região
Foto: Laryssa Campos/Assessoria EEFFTO

Já Fabiane Ribeiro exemplificou como um dos princípios da atenção básica, a integralidade, está sendo quebrado com as novas propostas.

“Quando falamos de integralidade, a gente não discute o que é essencial e o que é ampliado, pelo contrário, nos centramos nas necessidades do indivíduo. Quando começa uma discussão sobre essa divisão, coloca-se em risco a questão da integralidade e o usuário como centro, além de tudo, põe-se em ameaça a rede de assistência. Porque se eu sou um usuário e vou até o centro de atenção básica, lá é o fio condutor pra eu usar os outros níveis de atendimento, só que com a nova divisão entre essencial e ampliado, quebra-se a linha de continuidade do trabalho. Servir o usuário até onde eu consigo, significa tratá-lo como ser integral”, disse.

Fabiane representou os fisioterapeutas, pois esses profissionais também serão afetados pelas modificações
Foto: Laryssa Campos/Assessoria EEFFTO

A integrante do PET-TO, Débora Lorena Rodrigues Oliveira, comentou ter gostado muito da exposição feita pelos professores, pois a ajudou a compreender a atual situação da TO na saúde pública.

"Foi muito bacana a conversa, até muito emocionante, inclusive, porque percebemos o quão profunda é a questão. Assim, a atuação na saúde pública já é um pouco complicada, não conseguimos proporcionar um atendimento tão bom por questão de tempo que temos pra fazer as consultas. Então, com essas reduções ficamos mais limitados ainda, você acaba tirando o direito que a população teria em relação a TO e  das  profissões que são um pouco mais marginalizadas”, falou.

"Achei muito impactante a retirada de direitos da população em relação a saúde"
Foto: Laryssa Campos/Assessoria EEFFTO

A mestra pelo programa Ciência da Reabilitação da EEFFTO, Érika de Freitas Araújo, destacou as perdas que profissionais e pacientes sofrerão com as atuais mudanças.

“Há um impacto muito grande porque nós que trabalhamos na saúde publica e que a defendemos, esperamos que ela cresça e melhore a cada dia. Com esses retrocessos, além de um desânimo, também nos sentimos motivados a melhorar e tentar fazer com que a realidade mude. Em termos de campo de atuação os profissionais perdem, mas também, os usuários dos nossos serviços, já que não terão acesso ao atendimento” destacou.

"Eu tinha noção que esse atual governo estava ferindo alguns princípios do SUS, mas a total dimensão só entendi agora"
Foto: Laryssa Campos/Assessoria EEFFTO

Após uma pausa, a atividade retornou comandada pelos pesquisadores Alessandro Tomasi e Bruno Bechara para mostrar a pesquisa que desenvolveram juntos sobre a rede de saúde e a Terapia Ocupacional em Minas Gerais.

Ao contrário do que os alunos costumam ouvir sobre o mercado de trabalho, Alessandro e Bruno divulgaram dados que mostram a expansão da área de atuação dos profissionais da Terapia Ocupacional dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) em Minas Gerais.

“Primeiro, a profissão de terapeuta ocupacional não esta acabando e, segundo, nós ainda temos muito campo para trabalhar. Nossa profissão está crescendo, uma vez que os TOs não estão ficando concentrados em BH, mas sim, se “capilarizando” pelas macrorregiões do estado. Isso é um ganho muito grande para nossa profissão”, explicou.

"A nossa pesquisa avança muito porque o método dela é simples"
Foto: Laryssa Campos/Assessoria EEFFTO

Por fim, o pesquisador Bruno Bechara convocou a todos os estudantes presentes a se informarem melhor sobre as condições políticas que os afetam profissionalmente dentro da sociedade.