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Aluno da EEFFTO participa de pesquisa na Antártida

01/11/2018 | 13:30

Por Cíntia Militina

Você já se perguntou como o seu corpo reagiria ao ser exposto a um ambiente extremo? É possível suportar temperaturas abaixo de 0°C, permanecer por um período prolongado em confinamento? Será que um ambiente extremamente desgastante representa um risco para a sobrevivência das pessoas?

Esses são alguns pontos que serão pesquisados pelo mestrando em Ciências do Esporte, Rúbio Sabino Bruzzi, do Laboratório de Fisiologia do Exercício (LAFISE) da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da UFMG que embarca para a Antártida no dia 2 de novembro com o grupo Medi Antar para realizar experimentos relacionados com o projeto “Sobrevivendo no limite: a medicina polar e a antropologia da saúde na Antártica”.  

O Projeto Medi Antar existe há quatro anos, é coordenado pela docente do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, Rosa Maria Esteves Arantes, e conta com o apoio do LAFISE, que tem como coordenadores os professores Dra. Danusa Dias Soares (Professora Titular), Dr. Luciano Sales Prado (Professor Associado) e Dr. Samuel Penna Wanner (Professor Adjunto), cadastrados como orientadores permanentes do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Esporte. O laboratório também conta com a contribuição fundamental de um número superior a 50 estudantes (estudantes de iniciação científica, mestrandos e doutorandos), de pós-doutorandos e de uma técnica.

Embarcando pela primeira vez para a Antártida, Rúbio conta como será desenvolvido o seu trabalho durante os 45 dias de pesquisa.

“Especificamente nós vamos realizar estudos com os mergulhadores que fazem a verificação da integridade do casco do navio e auxiliam as embarcações que partem para os acampamentos com os pesquisadores e os militares que dão todo o suporte à operação. A Marinha Brasileira possui atualmente dois navios, que são o Ary Rongel e o Almirante Maximiano, ambos dão suporte nas operações realizadas na Antártida. Eles deixam todo o alimento e as pessoas nos acampamentos, onde grupos de pesquisadores de diversas áreas como a Biologia, Geologia, Fisiologia, entre outros, realizam as suas pesquisas. Nosso objetivo é tentar entender o funcionamento do corpo dos indivíduos nesses ambientes extremos”, relatou.

Durante uma semana participei de um treinamento pré Antártida na ilha de Marambaia no Rio de Janeiro. Foram realizadas simulações como: testes físicos, testes de água, sobrevivência, palestras,  preparação física, técnica e psicologica para realizar a missão.
Foto: Cíntia Militina/Assessoria EEFFTO

O mestrando ainda destacou a importância dessa oportunidade para a sua vida profissional e também pessoal.

“É uma grande satisfação fazer parte dessa experiência. Eu venho acompanhando há algum tempo o LAFISE, que tem uma excelência técnica no desenvolvimento dos trabalhos científicos, mas apesar de ser uma realização profissional muito grande, é também um crescimento pessoal poder ter essa oportunidade e o privilégio de estar em um lugar que possui condições ambientais muito extremas e cujo acesso é restrito, pois existem diversas exigências para que as pessoas possam ir até a Antártida”, destacou.

Coordenador do LAFISE, Samuel Penna Wanner, que acompanha toda a preparação do mestrando para essa pesquisa, falou da importância do estudo que será realizado em um ambiente que exige muito do corpo humano.

“Estaremos trabalhando em um ambiente muito frio, com muito vento, monotonia e luminosidade. A grande importância é podermos entender o funcionamento do corpo humano sob essas condições extremas. E isso é muito importante porque, às vezes, no laboratório, nós realizamos a pesquisa em condições muito controladas, fazemos pesquisas com roedores, com indivíduos fisicamente ativos e atletas. No entanto, essa pesquisa na Antártida é uma oportunidade que nós temos de aplicar todo o conhecimento já adquirido, as medidas que realizamos no laboratório em um ambiente extremamente desgastante e que representa um risco para a sobrevivência das pessoas”, disse.

É uma experiência de vida e também profissional essa oportunidade de desenvolver uma pesquisa em um ambiente diferente do laboratório.
Foto: Cíntia Militina/Assessoria EEFFTO

Samuel ainda enfatizou uma das atividades que o mestrando Rúbio irá desenvolver durante a pesquisa.

“Vale destacar que o Rúbio já realizou medidas em mergulhadores que fizeram um mergulho de treinamento no Rio de Janeiro, com temperatura da água a 26°C, e que agora farão mergulhos para manutenção do navio e para treinamento em águas com temperatura a 0°C ou até um pouco abaixo de 0. Vamos comparar essas respostas fisiológicas que o Rúbio mediu durante o mergulho a 26°C com as respostas fisiológicas nesse mergulho a 0°C, para entendermos qual é o impacto sobre a saúde desses mergulhadores do contato com uma água tão fria. Além das respostas fisiológicas, serão realizadas medidas de funções executivas nesses indivíduos, as quais incluem a aplicação de testes que requerem tomadas de decisão, memória, entre outros aspectos”, concluiu.