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No CTE, evento “Despertar para Incluir” recebeu paratletas e familiares para ampliar debate sobre inclusão

20/12/2023 | 08:20

Por Sabrina Garcia

Aconteceu na última quarta-feira, 13 de dezembro de 2023 no Centro de Treinamento Esportivo (CTE) o evento “Despertar para Incluir”. Construída de forma coletiva junto aos paratletas e seus pais, mães e cuidadores, a ação integra o “Projeto Paraesporte e Terapia Ocupacional”, coordenado pelas professoras do Departamento de Terapia Ocupacional Adriana Maria Valladão Novais Van Petten e Regina Céli Fonseca Ribeiro, junto da aluna do curso de Mestrado Jéssica Maciel Figueiredo do Curso de Pós-Graduação em Ciências da Ocupação (CPGEO) e conta com a participação das alunas de graduação em Terapia Ocupacional Virginie Rodrigues Melo, Raquel de Caldas Teles e Lorena Sales Nascimento, todas vinculadas à Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da UFMG.

Para celebrar o encerramento das atividades realizadas no segundo semestre, houve a exibição de um vídeo com relatos compartilhados pelas famílias que participaram do programa. Aconteceram também algumas apresentações, como a de Valéria, mãe do Thiago, que declamou poemas de sua autoria e um terceiro, que fora escrito por seu falecido filho. Juliana também declamou um poema que escreveu inspirando-se no nome do evento, além de apresentar uma coreografia de valsa. Clara aproveitou para realizar uma apresentação de rap freestyle. A comemoração foi encerrada com lanche coletivo.

O momento “Despertar para Incluir” é resultado das rodas de conversa que aconteceram ao longo de 2023, junto dos pais, familiares e responsáveis dos paratletas do CTE com o objetivo de estimular a sua independência e autonomia em tarefas do cotidiano e melhorar o desempenho no esporte. Diferentes temas foram propostos de forma coletiva ao longo dos encontros, como “Nossos filhos dão conta de que?”, “O olhar e a ação do outro” e “Adolescência e mídia”. Além do acompanhamento e apoio das terapeutas ocupacionais, as ações contribuíram para a construção de uma rede de apoio, diálogos e trocas de experiências. O projeto busca também ressignificar as relações de cuidado entre pais, mães, filhos e filhas.

Gislaine, mãe do paratleta Vitor, conta que a chegada da adolescência foi um desafio em sua relação com o filho, que buscava a independência. Por isso, as rodas de conversa a ajudaram a transformar essa relação de cuidado. Ela conta que participar do projeto contribuiu para que ela transferisse mais responsabilidades para o filho - como organizar os materiais de treino do CTE - e mais liberdade. Agora, na volta da escola, Vítor fica junto dos colegas, enquanto ela escolhe um assento distante no ônibus. O cuidado foi transformado em apoio.

As coordenadoras do projeto avaliam positivamente o evento. De acordo com a Profa Regina Céli, as rodas de conversa, as trocas de experiência e a solidariedade ali encontrada foram refletidas nos depoimentos de algumas mães e na própria participação dos atletas no evento de encerramento. A profa. Adriana Valladão completa, afirmando que o projeto explora as potencialidades das Pessoas com Deficiência e contribui para uma percepção menos capacitista.

Além das ações desenvolvidas em parceria com os paratletas do CTE, o projeto “Paraesporte e Terapia Ocupacional”  permitiu o desenvolvimento da dissertação de mestrado da aluna Jéssica Maciel Figueiredo. Desde seu Trabalho de Conclusão de Curso na graduação em Terapia Ocupacional, Jéssica percebe a demanda pelos atendimentos da T.O. junto de paratletas e seus treinadores. Sua dissertação busca compreender o perfil socioeconômico dos paratletas dos Centros de Referências Paralímpicos Brasileiros (CRPB) de São Paulo e Minas Gerais e seus papéis ocupacionais.

O projeto conta também com a participação de alunas de graduação como iniciação científica. Lorena Sales, aluna do 6º período do curso de Terapia Ocupacional, participa das ações do projeto há cerca de 2 meses. Ela conta que conversar diretamente com os paratletas e ouvir seus relatos tem sido gratificante e contribui muito para a sua formação profissional. Raquel Teles está no 5º período do curso e também frequenta as reuniões há cerca de 2 meses. Para ela, o atendimento individualizado é um dos pontos fortes do atendimento realizado, e enxerga a importância de avaliar todos os aspectos da rotina dos paratletas para melhorar o seu desempenho esportivo. Virginie Rodrigues é aluna do 5º período e participa do projeto desde as primeiras atividades. Ela conta que sua participação como bolsista de iniciação tem contribuído muito para o seu crescimento profissional. O contato próximo com as atividades do CRPB-CTE permitiu que ela obtivesse conhecimentos que ainda não desenvolveu em sala de aula. 

As atividades do projeto “Paraesporte e Terapia Ocupacional” continua no próximo semestre, a partir da criação de novas parcerias para levar o debate sobre inclusão e capacistimos para fora dos muros do CTE.

 

Equipe de Terapeutas Ocupacionais, jovens parateltas do CTE e seus familiares.

Crédito das Imagens: Marcelo Marques/NAI - UFMG