Educação física: importante aliada da formação infantil | EEFFTO - UFMG  


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Educação física: importante aliada da formação infantil

05/11/2015 | 12:04

A educação física é considerada por educadores e pesquisadores uma atividade de grande importância para o desenvolvimento infantil. Componente obrigatório da educação básica no Brasil, sua prática estimula não apenas o desenvolvimento da coordenação motora, mas também de habilidades cognitivas. Apesar dos inúmeros benefícios, a importância dada à prática da atividade e à formação dos profissionais ainda não é satisfatória.

Durante o exercício físico, o fluxo de sangue para o cérebro aumenta, melhorando a concentração, podendo ser um aliado importante no aprendizado dentro das salas de aula. Além disso, a prevenção de doenças e a vivência em grupo são outros benefícios da atividade. Para Kátia Lemos, professora de educação física e treinadora da modalidade de Ginástica na EEFFTO, a prática esportiva consegue reproduzir situações que as crianças vão passar na vida cotidiana. “É a melhor possibilidade de formação cidadã”, afirma.

Ao ter contato com esportes, brincadeiras e atividades recreativas, as crianças relacionam a prática do exercício físico a momentos de aprendizado, diversão e prazer. As capacidades de se relacionar em grupo também são promovidas, e a presença do educador físico é essencial nesse processo, pois ele é quem garante o contato da criança com valores como igualdade, inclusão e divisão de tarefas e objetos.

“O esporte ensina limites por meio das regras de cada modalidade. No futebol, por exemplo, você não pode tocar com a mão na bola se não for o goleiro. Se você toca, o juiz te mostra que aquilo foi errado e aplica uma penalidade. Na vida fora das quadras também existem limites, normas, juízes e penalidades. Existe alguma outra forma de educação mais lúdica?”, questiona Kátia.

A equipe da Ginástica da EEFFTO, treinada pela professora Kátia Lemos

Educação multidisciplinar e benefícios para a vida adulta

Apesar de obrigatória, a educação física por vezes é tratada com pouca importância pelo sistema educacional brasileiro. De acordo com a professora, as horas semanais dedicadas pelas escolas à prática da atividade ainda são insuficientes e falta diálogo entre as disciplinas. “A educação física pode ser integrada às outras áreas de conhecimento. Se o professor de História fala de história do Brasil, por exemplo, o professor de educação física pode levar danças folclóricas para os alunos. Pode aplicar os conceitos da física, da biomecânica e da bioquímica nas aulas e fazer os alunos aplicarem o conhecimento teórico aprendido em sala”, explica Kátia.

Além disso, a professora chama atenção para os benefícios que a educação física infantil traz para a vida adulta dos alunos. “Nosso papel é dar opções diferenciadas de vivências físicas para que o aluno saiba das suas limitações, conheça seu corpo e possa escolher a modalidade que melhor se adapte a ele, supra suas necessidades e proporcione seu lazer”.

Desvalorização provoca procura reduzida pela licenciatura

O professor de educação física é essencial para garantir todos os benefícios que as aulas podem oferecer para os alunos. Entretanto, a profissão enfrenta um período complicado no que diz respeito à sua formação. A procura pela modalidade de licenciatura no curso de graduação em Educação Física é bem menor, se comparada à concorrência do bacharelado – nos últimos três anos a UFMG registrou entre cinco e seis candidatos por vaga para bacharelado, enquanto na licenciatura o número é de pouco mais de dois candidatos por vaga.

Na percepção da educadora, os dados representam um momento de crise para os professores de todas as áreas, não apenas para a licenciatura em Educação Física, e os maiores prejudicados são os alunos. “Os investimentos das escolas em estrutura, materiais e bibliotecas são muito camuflados. É triste saber que nossos alunos formados em licenciatura vão encontrar nas escolas essa realidade precária. A profissão não tem status social, os professores são muito desrespeitados, e quem paga essa conta são as nossas crianças, infelizmente”, lamenta.