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Fim de festa?

27/08/2016

                    Foto: N/A

LUCIANO PRADO

 

Fecham-se as cortinas, e, no escuro, ainda vemos a profusão de cores e luzes da grande festa que foram os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Se as aquarelas do espetáculo de abertura e da cerimônia de encerramento ainda nos tiram o fôlego, o que dizer das imagens extasiantes em câmera ultralenta durante os eventos esportivos, onde até mesmo o mínimo detalhe do movimento mais rápido pode ser captado, analisado e admirado por bilhões de pessoas em todo o planeta. Sim, bilhões de pessoas, não é força de expressão.

Aós a estética arrebatadora dos corpos em movimento e o sobe-e-desce de emoções para aqueles mais envolvidos na torcida, muitos previram uma sensação de vazio, quase que uma “ressaca”, agora que, de repente, somos novamente confrontados com nossas vidas de todo dia, talvez menos coloridas e com corações menos acelerados.

Será?

Os jogos Olímpicos são o clímax de anos de preparação, o epicentro de uma vida dedicada às diferentes modalidades esportivas praticadas e mostradas de todos os ângulos possíveis. Atingir tal nível de apuro técnico, físico e mental significa percorrer um longo, tortuoso caminho, repleto de pedras. Mas as crianças boquiabertas com o espetáculo estonteante, as avós admiradas com a coordenação milimétrica de músculos em movimentos improváveis, os funcionários paralisados frente às telas de televisão em padarias, escritórios, e lojas, nós todos, precisamos saber que o movimento é para todos, que a beleza está presente em cada movimento, que a perseverança e a disciplina do atleta estão em nossas vidas, em cada canto delas, em cada momento. O suor é democrático, e deve ser acessível a todos. Aos jovens e velhos, aos hábeis ou não. Independente da razão pela qual nos movimentamos, caminhamos, nadamos, pedalamos, arremessamos, saltamos ou jogamos. Precisamos fazer isso para não adoecermos, fomos feitos para o movimento. Mas precisamos fazê-lo com prazer, com diversão. Porque fomos feitos para isso também.

A propósito, o longo e tortuoso caminho, repleto de pedras que acabo de mencionar, caso o pódio seja a meta, não é fácil. Mas pode ser delicioso, edificador, uma experiência única na vida de cada pessoa, que a segue de forma perene e sempre presente. Entretanto, a medalha, o pódio, ao final, é o pretenso objetivo. Na verdade, o caminho é o verdadeiro fim. O percorrer da estrada, com todas as suas pedras. E lindas paisagens. Se vier o pódio, bem. Se não, ficam as lindas cores da viagem. E que a festa seja todo dia.

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